POR ANTÓNIO BARROS
Quando eu era jovem, e depois um pouco mais crescido, ouvi sempre o saudoso Presidente Samora Machel em comícios ou em reuniões, onde tinha a oportunidade de falar da agricultura, dizer que “no nosso país a agricultura é a base do desenvolvimento e a indústria o factor dinamizador”.
Depois, fui lendo em todos os documentos aos quais tive acesso a repetição deste slogan, com parágrafos bem elaborados, reforçando e inculcando nas cabeças de toda a sociedade moçambicana esta ideia de que a agricultura é a base do nosso desenvolvimento e a indústria o seu factor dinamizador.
O PPI (Plano Prospectivo Indicativo) colocou essa ideia com muita ênfase e o PARPA 1 e o PARPA 2 (Plano de Alívio e Redução da Pobreza Absoluta) também o fez e, consequentemente, em todos os PES (Plano Económico e Social) essa ideia ou se quisermos directiva também vinha bem como na Agenda 2025. Mais recentemente, nos últimos anos, tudo isso mudou de nome e passou a chamar-se SUSTENTA. Até hoje todos os documentos que leio sobre agricultura frisam com grande ênfase que o desenvolvimento de Moçambique assenta na agricultura e que só produzindo mais comida e outras culturas não alimentares caminharemos seguros em direcção à auto-suficiência alimentar e melhoraremos a nossa balança de pagamentos com a exportação de diversos produtos alimentares e não só. Entrámos no quadragéssimo oitavo ano da nossa independência e não compreendo por que este slogan virou “letra morta”, ficando os cidadãos com a ideia errada de que “fazer agricultura é uma forma de empobrecer alegramente”. O enraizar nas nossas mentes desta ideia faz com que diariamente aumente o êxodo de pessoas que do campo vêm para as cidades, procurando uma vida melhor. Infelizmente, esse êxodo que traz pessoas do campo para as cidades aumenta também a mendicidade, outro mal que nos aflige e preocupa. Leia mais…
