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Evitar que as crises se repitam

Por admin

Depois de cerca de uma semana de greve, os médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) já retomaram as suas actividades. Em todo o país. Acrescentemos que ainda bem. 

E façamos votos no sentido de que no balanço final não figurem mortes. Nem prejuízos graves para as populações eventualmente afectadas. Vejamos, em resumo, como foi possível atingir o desejado acordo. Na sua edição do passado dia 16 (primeira página), o jornal “Notícias” informa que Os médicos moçambicanos, em greve desde o passado 7 de Janeiro, voltaram ontem aos seus postos de trabalho na sequência dos consensos alcançados entre a classe desavinda e o Governo sobre os pontos de discórdia. Esclarece o matutino que Três pontos constituíam o caderno reivindicativo dos profissionais filiados na Associação Médica de Moçambique (AMM), concretamente a questão das casas, estatuto médico e a necessidades de ajustamento dos salários. Os primeiros dois pontos terão sido satisfeitos aquando da primeira ameaça de greve, em Dezembro passado. A questão dos salários transitou para a fase seguinte das negociações, cujo fracasso ditou o início da greve. Agora, uma vez atingido um acordo, o ajustamento salarial deverá entrar em vigor a partir de Abril próximo. Ainda segundo a local, as partes garantiram, em conferência de Imprensa, que as preocupações apresentadas pelos médicos foram cabalmente resolvidas nos encontros conjuntos que se vêm realizando desde a paralisação, pelo que aqueles profissionais voltaram ao trabalho. O “Notícias” cita também o presidente da Direcção da AMM a garantir que a questão do ajuste salarial era o último ponto que continuava pendente e foi resolvido nas conversações, que suspensas na madrugada de ontem foram retomadas de manhã, terminando com um acordo entre as duas partes. Comentemos que ainda bem que tudo já terminou e em bem.

 

No rescaldo do conflito laboral, que opôs médicos e entidade patronal, e já com a “cabeça fria”, parece importante que o MISAU faça uma reflexão sobre o acontecido. Séria e honesta. Em primeiro lugar, para explicar, publicamente, o motivo a, ao que parece, não ter levado muito a sério as reivindicações dos médicos. Digamos, em resumo, que esta greve poderia, perfeitamente, ter sido evitada. Se, acaso, no momento de contar as armas o MISAU não tivesse feito um cálculo errado. Uma contagem errada. Agora, que a crise e o conflito já são passado, importa saber olhar em frente. Tendo presente que, independentemente do acordo alcançado entre as partes, de quem fez mais ou menos cedências, parece haver um aspecto que é líquido e indesmentível. O MISAU saiu desgastado na sua imagem e os médicos terão saído prestigiados. No mínimo de forma airosa no desafio e no repto que lançaram à sua entidade patronal. Deixemos, agora, que o tempo corra e que seja o melhor conselheiro. Para já, fica a lição ou a ilação de que esta equipa do MISAU não é capaz nem tem capacidade para lidar e resolver situações de crise. De crises laborais. Sobretudo, que apresenta um elevado défice de respeito para com a classe médica. Que deveria ser o primeiro a respeitar e a acarinhar. Infelizmente, não é isso que está a acontecer. Não foi isso que aconteceu. Quem manda, quem tem o poder do mando, sabe perfeitamente como proceder em casos como este. Tendo em vista evitar que as crises se repitam.

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