O técnico de futebol zambiano chegou à HCB, induziu certo comportamento à equipa e distribuiu um espirito ganhador. Emprestou-lhe qualidade e saiu sem muito falar, por alguma conveniência.
No ano seguinte chegou um moçambicano, conhecido por falar tudo, incluindo o que não sabe. Tirou à equipa todos os predicados mas, mesmo assim, Nherenda deixou no planalto o veneno que fez da colectividade uma grande equipa para discutir o campeonato nacional de futebol de Moçambique, até às últimas consequências. Deixou-a quase-quase para quase!
O mister Nherenda, afinal, não ia longe. Desceu à província vizinha, encontrou uma seriedade à sua altura e vacinou-a com o seu veneno. Não chegou ao fim, pelos melhores motivos: a sua pátria chamou-o para fazer o mesmo, mas no Chipopolo.
Porém, na Beira, onde já havia alicerces de respeito, o edifício ergueu-se. O Ferroviário da Beira é campeão nacional da modalidade. Sem falar muito, não tanto porque Nherenda não vai com a nossa língua, mas porque lhe foi ensinado a humildade e o respeito às outras pessoas.
Por outras palavras: Nherenda construiu uma equipa que, pelas suas mãos esteve posicionada de forma surpreendente a seu tempo e não tendo continuado o projecto veio a ser vítima do olhar, quase metafísico, de quem o substituiu, à guisa de fantasmas por todo o lado. Na Beira tudo lhe correu de feição e, humildemente, quem o substitui agradece e dedica o feito, justamente, também àquele.
Logo, ficam quatro tipos de homens a descoberto: Nherenda (1) cuja contribuição para a construção do que agora é conhecido como União Desportiva do Songo não se pode discutir, por isso é das suas mãos que saiu; Semedo (2) que não tendo conseguido estar à altura do que aquele deixara procura quem decidiu que os seus jogadores não ganhassem em quatro jornadas sucessivas; Aleixo (3) que bem interpretou o que o estrangeiro deixou e com calma, mas decididamente, levou a bom porto. Entretanto, há um nome escondido: (4)Valy Ramadane! O co-piloto de Nherenda e Aleixo, que sempre esteve com o barco nos intervalos menos bons, incluindo nos vendavais mal previstos (?). É Ramadane que sempre deu cara, mesmo para justificar as derrotas ou para dizer aquilo que Nherenda gostaria de ter dito, mas em português.
A marca Nherenda fica nos dois casos, incluindo na obra não-acabada, cujo empreiteiro, que veio a seguir, quer justificar o seu malogro ao vendaval ou temporal mal avisado pelos serviços meteorológicos de um país ainda dependente.
Não pronunciar o nome de Nherenda, nos dois casos, afigura-se injusto, daí que Aleixo Fumo, educadamente, o dedicou a prenda, porque de créditos firmados, não fosse ter sido chamado para fazer o mesmo trabalho, mas em ponto maior.
Viva Nherenda, que em pouco tempo tornou duas equipas muito vistosas!
Viva Nherenda, que pode voltar a Moçambique de cabeça erguida!
Viva o Ferroviário da Beira (Direcçao, Aleixo, Ramadane e a província de Sofala)!
Abaixo aqueles que semeiam tempestades por todo o lado!
Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com