Há dias, estando eu num banco comercial ouvi um suspiro, profundo, de alguém que tinha, tal como eu, o olhar cravado no ecrã de uma caixa automática. Pensei que ele eventualmente não soubesse utilizar a maquineta, porque cada um tem as suas próprias limitações. Há os que aprendem rápido, outros devagar e, outros ainda, demasiado devagar ou não chegam nunca a aprender.
Já agora, vi pessoas a experimentarem dificuldades para operar as caixas automáticas colocadas num dos cartórios notariais da cidade de Maputo, ultrapassado o período em que o funcionário notarial, para além de mexer com a papelada, era também tesoureiro.
Como o funcionário que prestava o primeiro bê-a-bâ se tivesse ausentado – eu não soube para onde – algumas pessoas olhavam para a maquineta, com o dinheiro nas mãos, sem saber como iniciar a operação para o pagamento dos custos da papelada, que só se levanta mediante a apresentação do respectivo talão.
Voltando para o cerne da questão, isto é, ao homem que tinha os olhos fixos no ecrã da caixa automática, fiquei sabendo que o que ele pretendia era tão só levantar 50 Meticais, dos 99 Meticais que sorriam para ele no visor depois de ter accionado com o dedo indicador a tecla CONSULTA DE SALDO. Sucede que a caixa automática só “cospe” notas de 100, 200, 500 e 1000 Meticais.
Do meu ponto de vista, faz todo o sentido que as máquinas soltem também notas de menor valor facial, pois, e a título de exemplo, com uma nota de 50 Meticais, por estes dias, pode-se comprar uma recarga de 10 Mt para telefonia móvel e sobra ainda dinheiro para o “chapa” e pão, por um lado. Por outro, faz pouco sentido que quando o assunto é depositar nas mesmas caixas automáticas não haja qualquer espécie de empecilho. Dito de outra maneira, pode-se depositar desde moedas até notas independentemente do seu valor facial.
Por André Matola