No dia 23 de Abril, Dia Mundial do Livro, terminei a minha jornada de escrita no jornal quando eram 18h40. Então lembrei-me que havia no mesmo dia um corte de bolo da mulher de um primo meu. Portanto, havia aniversário da cunhada. Sem exitar e fazendo jus ao que tenho feito nos últimos dez anos, que é oferecer livros aos meus amigos, suas mulheres e seus filhos, dirigi-me a uma livraria no Maputo Shopping.
Ao chegar, as moças que lá atendem sorriram e logo iam perguntando para quem será o livro, senhor Jamisse? Eu respondi logo: “Será para a minha cunhada que assinala hoje mais um aniversário. E calha muito bem porque hoje é Dia Mundial do Livro”.
Depois de dizer às moças que era Dia Mundial do Livro senti um ambiente de calafrio, um silêncio acompanhado daquele sorriso apenas para agradar o cliente. Perguntei o que é que se estava a passar. Elas, ainda com ar bem triste, disseram: “É que hoje nem parece Dia Mundial do Livro. Você é a terceira pessoa que compra um livro hoje e a loja tem estado vazia. Quando chegámos de manhã, estávamos convictas de que teríamos um movimento fora do normal por ocasião do dia. Infelizmente, não é o que vivemos ao longo dia e daqui a pouco vamos fechar”.
Tentei confortá-las dizendo que os dias são diferentes e que melhores tempos estavam por vir. Entretanto, elas insistiam que no dia 23 de Abril, em especial, era suposto haver uma evocação diferente em relação ao livro, desde os infantis aos de lazer e técnicos.
Por Frederico Jamisse