África recua na marcha contra líderes vitalícios
Os Presidentes da Guine Equatorial e de Angola, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e José Eduardo dos Santos, respectivamente nasceram em 1942 e coincidentemente chegaram a cargos de Chefe de Estado, cada um no seu Pais, no mesmo ano, em 1979.
Teodoro Obiang Nguema assumiu o poder através de golpe de Estado e José Eduardo dos Santos foi eleito sucessor do medico e fundador da nação angolana, Agostinho Neto, logo após sua morte por doença.
Os dois Chefes de Estado estão no poder há cerca de 36 anos, o que corresponde metade das suas idades.
O Presidente Robert Mugabe, do Zimbabwe, tem 91 anos de idade, dos quais 35 no poder.
Há cerca de um mês, Mugabe fez manchetes na imprensa internacional porque leu um discurso antigo na abertura de sessão do Parlamento do seu Pais e não se apercebeu.
Um jornalista zimbabweano disse-me que “a culpa é da antiga potência colonial-Inglaterra- que roubou o discurso pouco antes do inicio da sessão”.
Certamente que ele estava a brincar comigo, porque a culpa foi atribuída ao secretariado da Presidência.
O idoso Presidente acredita que é o único cidadão do país capaz de dirigir os cerca de 15 milhões de zimbabweanos.
Os líderes africanos mais jovens estão a aprender a lição.
No Burundi, Pierre Nkurunziza, 52 anos de idade dos quais 10 no poder, manipulou o seu partido para concorrer a mais um mandato de 5 anos alegando que em 2005 foi eleito pelo Parlamento para primeiro mandato e não pelo voto popular. Nkurunziza desafiou tudo e todos, avançando para o terceiro mandato.
Mais de duas dezenas de pessoas morreram em protesto contra a atitude de Pierre Nkurunziza.
No Congo Democrático, o jovem Presidente Joseph Kabila sentiu o sabor do poder que ocupou na sequencia do assassinato do seu Pai e manipulou o partido, alterando a constituição para concorrer ao terceiro mandato.
O partido de Kabila fez guerra armada contra o reinado vitalício de Mobutu Sesse Seko, mas hoje o jovem Kabila quer manter-se no poder.
No vizinho Congo Brazzaville, Denis Sassou Nguesso um ano mais novo que José Eduardo dos Santos e Teodoro Obiang Nguema Mbasogo chegou ao poder no mesmo ano com os dois líderes africanos, em 1979 e apenas teve intervalo de 5 anos e voltou ao trono.
Nguesso manipulou o seu partido para alterar a constituição congolesa para continuar no poder.
No Uganda, o veterano guerrilheiro Yoweri Musseveni, no poder desde 1987, tem luz verde do seu partido para concorrer nas próximas eleições presidenciais.
Em Moçambique, o autoproclamado pai da democracia, Afonso Dhlakama, e um líder vitalício da Renamo, maior partido da oposição no parlamento.
Nos Estados Unidos da América, o primeiro Presidente negro, Barack Obama, esta no segundo e último mandato como líder do Pais mais poderoso e industrializado do Mundo. Obama disse que o povo gosta dele, mas não pode continuar no poder, porque a Constituição não permite e ele respeita a lei-mae do seu país.
África, considerada continente mais jovem do Mundo, esta em marcha acelerada regressiva para período de líderes vitalícios. Os custos são enormes nesta altura das redes sociais de watsap, facebook ou twitters.
Que Deus poderoso salve África para Juventude. (x)
Simião Ponguane