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DEPOIS DAS SEITAS, A VEZ AGORA É DOS PARTIDECOS

Por Idnórcio Muchanga

“Os ímpios alienam-se desde o ventre das suas mães; andam errados desde que nasceram proferindo mentiras. Ó Deus quebra-lhes os dentes nas suas bocas (…) Salmos 58: 4, 5 e 6

Acontece exactamente tal como com o assunto da proliferação de Seitas que abordamos semana passada. Dissemos que essas Seitas, não são mais do que o resultado da desilusão ou descontentamento de arrivistas que não vendo as suas excessivas ambições satisfeitas preferem abandonar as suas primitivas religiões para depois fundar as suas próprios, nas quais livremente autoproclamam-se de Pastores, Profetas e/ou Bispos, mesmo que para tal não possuam ou não tenham nenhuma prova de ter passado por uma formação teológica. A vez agora é dos descontentes políticos, super ambiciosos que em tempos que já lá se foram eram tidos e achados como “Reaccionários”. Nesses tempos, o “Reaccionário” era todo aquele que se contrapunha à Revolução, entendida como a subversão da estrutura socioeconómica e política da sociedade. Na verdade, os “Reaccionários”, não eram quaisquer aventureiros ou Pseudo-Politicos de meia tigela, como acontece hoje, que de uma noite para o dia qualquer alpinista social, acorda e muda de opinião. Os “Reaccionários” tinham os pés bem assentes nas suas convicções baseadas geralmente em Tribalismo, Regionalismo ou Religião, caso das “Testemunhas de Jeová” que muitos deles foram parar em Campos de Reeducação no Distrito de Milange na Zambézia. O caso destes prevalece até hoje: recusam-se a dar “Vivas” a nenhum Partido ou entidade senão a Deus! Mas os piores “Reaccionários são os ambiciosos. Ninguém disse que ser ambicioso é mau, até porque ser ambicioso, é algo totalmente legítimo, pois está associado a um crescimento saudável, que vai além da própria pessoa, pois preocupa-se com os outros à sua volta. O que é mau é ser ganancioso “incontentável” como se diz no Pais das novelas (Brasil), porque, em vez de impulsionar as pessoas, está ligado à falta de escrúpulos e, não raro, prejudica quem esteja por perto. Portanto o mau dos gananciosos é quando são descontentes ranzinzas e afincados que, auto-intitulando-se de “Revolucionários” pretendem segundo eles, reinventar o novo paradigma da vida fora do Partido FRELIMO da qual se dizem ser ou ter sido membros durante muito tempo. Os visados, muitos deles sem identidade politica notável nem qualquer representatividade a nível nacional, dizem que através duma mudança radical no sistema político, querem criar uma espécie de um outro “braço” da FRELIMO em defesa do Povo! Só que, nós o Povo já sabemos que eles são como todos os maus dançarinos que, quando não conseguem acertar o passo na dança, culpam sempre a pista dizendo que ela (pista) é que está torta. Felizmente os tempos são outros. O tal “Zé Povinho” em nome do qual se dizem ser defensores dos seus interesses, já está há muito acordado. Sabe o que move esses cobiçosos famintos, calculistas e ávidos pelo poder. Com a aproximação das eleições, o cheiro “das notas verdinhas”, arrebata-lhes e entram em êxtase e tira lhes do sério, ao ponto de se imaginar já Inquilinos da Ponta vermelha, como se não tivessem primeiro de passar pelo crivo ou peneira popular. Vejo no comportamento dos representantes desses novos Partidecos, Quebradiços ou Destroçados, a imagem do famoso Cavaleiro Dom Quixote de La mancha, personagem imaginada pelo famoso Escritor Espanhol Miguel de Cervantes Saavedra. A obra narra as aventuras e desventuras de Dom Quixote, um homem de meia-idade que resolveu tornar-se Cavaleiro Andante, depois de ler muitos romances de Cvalaria. Providenciando cavalo e armadura, resolve lutar para provar o seu amor por Dulcineia de Toboso, uma mulher imaginária. Consegue também um Escudeiro, Sancho Pança, que resolve acompanhá-lo montado num burrinho, acreditando que será recompensado. Dom Quixote mistura fantasia e realidade, comportando-se como se estivesse num romance de cavalaria e transformando obstáculos banais (como moinhos de vento ou ovelhas) em gigantes e exércitos de inimigos. Derrotado e espancado inúmeras vezes, sendo baptizado de "Cavaleiro da Fraca Figura", mas sempre se recupera e insiste nos seus objectivos. Esta aventura é repetida muitas vezes por alguns desses palhaços candidatos a candidatos que arrastam consigo muitos pobres infelizes incautos. Da minha cabeça, perpassam algumas perguntas que não querem calar: o que leva uma pessoa a querer ser Presidente da República? Será Simples ambição ou quer cumprir um dever cívico? Ou será o sonho de infância dessa pessoa? Será que todos eles olharam-se primeiro aos espelhos e concluíram que as caras deles ficaram bem penduradas nos Gabinetes oficiais servindo de inspiração para muitos? Ambição desmedida!

Por Kandiyane Wa Matuva Kandiya

nyangatane@gmail.com

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