Depois de quase uma hora com um potencial cliente para a empresa para a qual trabalha, Laura demorou-se mais cinco minutos na mesa daquela pastelaria. Enquanto terminava o seu chá com rodela de limão, reflectia sobre o que o seu primogénito lhe havia dito logo pela manhã quando o preparava para a escola. As palavras ecoavam na sua mente acelerada. É que sem tento na língua o garoto de 7 anos, questionou-a o porquê de logo pela manhã o seu telemóvel tocar sem trégua, perturbando aquele momento favorito em que tinha toda atenção da sua mãe para si.
Apesar de ter inventado uma desculpa só para satisfazer a pergunta feita pelo pequeno, Laura reconhecia a legitimidade da questão, pois, assim era todas as manhãs.
Entretanto, ali sentada e conversando com os seus próprio pensamentos, responde para si mesma em tom de desabafo: “Não tenho como não fazê-lo é meu trabalho!ˮ.
O seu quotidiano resumia-se em correr, pensar e repensar em estratégias para persuadir potenciais clientes a aderirem aos novos serviços. Sua é um turbilhão de ideias todo o dia. Assim era Laura. Tinha que responder às suas obrigações profissionais, depois as familiares e as sociais (nesta última, era tesoureira do xitique de amigos). Era uma mulher prestativa e preocupada com os outros. Ainda que a vontade faltasse custava-lhe dizer um “não a tudo isto. Leia mais…
Por Luísa Jorge
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