“Ai da nação pecadora, do povo carregado de iniquidade, (…) desde a planta do pé até à cabeça não há nela coisa sã, senão feridas” Is 1:4-6
Quando eu era jovem e, pensando já na minha futura vida de casado, só sonhava juntar-me a uma mulher que reunisse as qualidades e os atributos da mulher do meu pai, porque ela era para mim, a melhor do mundo! Prendada, perfeita, meiga, gentil, trabalhadora, religiosa, comedida no porte e na fala, era decente em todos os aspectos. Para mim, ela era a encarnação duma deusa. Tirando o facto dela não saber nem ler nem escrever, e ser meramente doméstica, em tudo, a minha futura mulher, deveria ser cópia da mulher do meu pai. Foi essa mulher que me trouxe ao mundo: a minha Mãe. Apesar de ter convivido com ela muitos anos e exceptuando os seios que eu e os meus irmãos (14) sugamos e deixamo-los em forma de sapatilhas gastas, fora isso, não me recordo de ter visto nem por descuido uma outra parte do seu corpo pois usava “Muenda/Vemba e Txisambi”, da cintura aos pés, reservando o resto do corpo para o seu felizardo homem! Eram assim as verdadeiras donas de casa do seu (dela) tempo. Mais tarde, felizmente consegui concretizar esse meu sonho. Mas hoje não estou para falar sobre a filha da minha sogra, continuemos sim, com aquela que é hoje viúva do meu falecido pai, diante da qual, até hoje, temos que ter muito cuidado no que com ela conversamos sob o risco de vê-la com o semblante transfigurado ao agredirmos os seus princípio como a seguir veremos! Filha de pais evangélicos e evangelistas, apesar do seu analfabetismo aparente e do peso da idade (93), conhece a Bíblia e os 200 Hinos do Hinário (Tisimu ta Ivangeli) de cabeça. Há dias esteve entre nós e como todas as vezes que estiver connosco, temos que ter cuidado com o que assistimos nas Televisões. Pobre da minha Mãe! Um dia, as netas da filha da minha sogra, na sua pura ingenuidade e inocência, arrastaram a bisavó para o quarto delas e, fechando-se, obrigaram-na a assistir um dos programas da chamada “República de Panza” onde umas senhoritas meneavam e bamboleavam os traseiros escancarados, apenas tapados por pequenos calções recortados e umas ceroulas sobre as pernas roliças, quais chouriços humanos! Nesse tipo de música que aliás é o que está a dar nos dias que correm, enquanto os jovens apresentam-se rigorosamente vestidos, ao contrário, as jovens, quanto mais peladas e sedutoras melhor para o gáudio do público sedento de luxúria! No tempo da dita cuja, (minha mãe e não só), o simples facto de alguém virar as costas e fazer o gesto de agachar, mostrando traseiro para outrem, era tido como a maior falta de respeito, uma verdadeira “Masingita”! Por isso a anciã saiu do quarto das meninas sem pronunciar nenhum palavra, para logo cedo no dia seguinte, exigir que a “recambiássemos” para sua vetusta vila, não sem antes descarregar a sua dor na filha da minha sogra nos seguintes termos: “Ayuwe! Mwanangu, mo leka vanana vatxi xanga mutxiva wona!? Masingita vangani komba ha nyanova nga hombe”. (Ai, minha filha como é que deixam as crianças ficarem malucas a olhos vistos!? O que vi no quarto delas ontem foi autêntico sacrilégio). Analfabetismo e conservadorismo dela à parte, mas na verdade o que nós assistimos das nossas filhas e netas nas Televisões, e aplaudimos abraçados às nossas mulheres e sob o beneplácito destas, é deveras vergonhoso, uma verdadeira despedida à nossa identidade cultural. Depois de uma mulher despir-se e bambolear as ancas em movimentos pélvicos com um rapaz em cima dela, o mais que falta para a prática do sexo em público? Para a Mulher Moçambicana isto é modernidade! Será!? Quem cala consente!