Alberto Chipande nunca teria sido mais barato quanto esta semana, na cidade da Beira. Entendeu ajudar o seu adversário político, no caso, Afonso Dhlakama, dando-lhe as dicas para que o seu partido volte a funcionar como tal, o que passa por uma reorganização de raiz.
O veterano da Frelimo disse que a sua experiência diz-lhe que ao estilo em que está a Renamo, ela não existe como partido porque ela está circunscrita ao seu próprio líder, o que vale dizer que não é uma organização colegial, por isso não sabe explicar os desaires eleitorais que tem somado lustro-a-lustro, desde 1994.
Chipande diz que um partido sério ter-se-ia preocupado em analisar com a profundidade necessária, por que é que em todas as eleições, somadas até cinco, sai a perder e nada muda apesar de representar uma boa franja do eleitorado moçambicano.
Parco em palavras, como lhe é característico, mas contundente, foi desfilando os passos que deveriam ter sido seguidos pela Renamo nestes cerca de 25 anos de eleições perdidas.
Quando pela segunda vez perdeu para Chissano, quando se esperava que o partido se reuniria para análise das causas da derrota, “exilou-se” para a Rua das Flores, em Nampula, evitando assim o contacto com o eleitorado, com as suas bases, esquivando a prestação de contas.
Quando voltou a perder, desta feita, a favor de Guebuza, decidiu-se por um outro “exilio”, na província de Sofala, mais concrectamente em Santugira, depois, mais uma vez, longe do eleitorado a quem devia prestar contas e dos órgãos da sua agremiação, que deveriam tentar descobrir o antídoto contra feitiço do seu adversário.
Saído de Santugira, e pela quinta vez, participou no pleito, depois duma campanha mais emotiva do que organizada. Como era de esperar, voltou a perder, depois do que, não conseguiu vencer a vergonha de enfrentar os seus eleitores explicando como foi o jogo, nem fez sentar algum órgão do partido para friamente analisar os sucessivos desaires na família renamista. Já era a vez de Filipe Nyusi.
Chipande diz: ao contrário d e tudo o que esperava saí a dizer simplesmente que foi roubado, roubado, roubado e não explica como tem sido roubado e onde ele e o seu partido ficam quando o roubo se concretiza.
Pelo contrário, diz Chipande, ele faz o que é fácil: mentir e de novo enveredar por aquilo que não é necessário maior organização, destruir a vida dos cidadãos e suas propriedades, incluindo aqueles a quem uma vez confiou, porque depositavam em sim, alguma esperança.
Na verdade, essa já é minha ideia, o tempo está a ficar cada vez mais escasso para preparar as eleições de 2019, ainda o eleitorado da Renamo não ouviu nenhuma justificação da última derrota, e de todas as outras mentiras subsequentes, mas no calendário já está marcado o próximo jogo politico-eleitoral, que não está muito longe de hoje.
De novo, o treinador está longe de todos: dos jogadores e adeptos; o balneário está descomandado (aliás mandado) porque aqueles que o querem cada vez mais longe do poder, cada vez mais longe (lá nas montanhas) onde se contacta imaginariamente com os seus principais detractores, final, seus quadros, à medida que a sua retirada parece eminente, por muitas razoes, incluindo de idade. Ainda não preparou o próximo mister e nem disse que desistiu de dirigir a equipa por quaisquer razoes.
Não há reunião(nem pequena nem grande) e a assessoria de Chipande termina dizendo: Renamo é ele, comité central é ele, comissão política é ele, congresso é ele….
Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com