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ANSIEDADE PELO VEREDICTO SOBRE A DÍVIDA SOBERANA

Por admin

A confusão que nos trouxe a famosa dívida de Moçambique presta-se a muitas reflexões práticas, sem teorizar, como tentam fazer muitos, como se de facto neste momento estivéssemos assim por causa disso.

É como se o dólar tivesse subido por causa da dívida que o país contraiu e estivéssemos com fome por isso.

Parece que esse dinheiro estava disponível em algum lado, numa mala pública, e alguém foi-nos roubar, sendo que, a partir dai,passamos a ter os problemas que temos, entretanto, espalhados por todos os países do mundo, sem excepção, claro, cada um à sua maneira.

Parece que estamos a ter problemas com os doadores e financiadores só por isso, lembrando-nos, se quisermos que, os mesmos já nos chantagearam tanto quanto puderam por outras razoes em outras ocasiões: ou porque apoiamos a luta pela Independência dos outros povos, incluindo o Zimbabweano, ora por causa de eleições não ganhas por quem gostariam, ora porque ousamos dizer que somos soberanos.

Parece que teria sido por isso que nos vieram destruir a indústria de caju a despeito de reabilitá-la ou rentabilizar o sector, erro reconhecido, mas entretanto não reparado até hoje a favor dos moçambicanos.

A minha ansiedade é de que de facto as instituições de Estado existentes, possam chegar à conclusão de que o dinheiro que tanta falta fará, daqui a pouco, foi mesmo roubado por alguém (uma pessoa singular) e possamos ir encontrar aonde o dito cujo o foi depositar para uso individual. Ai, sim, marcharei para que o individuo seja responsabilizado e juntarei o meu grito ao daqueles que estão à espera do pronunciamento das autoridades competentes para tirar as conclusões.

Todavia, não é a mesma ansiedade que tenho em relação a saber que o único erro cometido terá sido o facto de o empréstimo não ter passado pelo Parlamento. Principalmente se se provar que o dinheiro serviu para defender o país de alguns parlamentares moçambicanos a quem não se deve dizer o que se faz em matéria de segurança, porque o país precisa de se esquivar deles.

A ser isso, a ansiedade desta vez é para ver que instituições temos no país para julgar o Estado, para julgar a quem assim procedeu? Vai-se dizer que…violou a Lei, violou a Constituição, por não ter feito passar pelo Parlamento a proposta de financiamento. Ai, hei-de me rir!

Hei-de me rir porque tais instituições não saberão, responder-me as questões sobre (1) se é legal um Partido estar armado num Estado de Direito Democrático (2) se é legal haver pessoas concretas e conhecidas que todos os dias matam outras pessoas, em todo o país e se (3) isso é mais ou menos que emprestar dinheiro secretamente. Quererei saber que instituição do Estado estará disponível para agir em tal situação.

A minha ansiedade é se será desta vez que teremos o Estado a funcionar, depois que os patrões da estranja visitaram a Procuradoria da República, a sede do Parlamento moçambicano, a Presidência da República, com uma mensagem que sugere uma acção enérgica contra o tal empréstimo secreto.

Enfim, se não se sentirão envergonhadas (tais instituições do Estado) por receberem ordens de quem não se incomoda quando a Lei fundamental é grosseiramente violada, o Estado de Direito é violentado, todas regras de convivência democrática esfrangalhadas ate ao tutano e um povo inteiro massacrado…aonde se metem os conselheiros de hoje quando tudo isso acontece, ainda que seja em satisfação do sistema que querem que sigamos.

Estou expectante para me aperceber mais uma vez do quanto o crime o é conforme a sua origem e os mortos significam o que significam conforme quem os matou.

Estou ansioso!

Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com

 

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