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A intelligentsia Moçambique

Por admin

A qualidade do debate tem se deteriorado e baixado de nível nos últimos tempos na nossa esfera pública. Parece que a quantidade de licenciados, mestres e doutorado é inversamente proporcional à qualidade do debate que se faz na nossa esfera pública.

 Assiste-se nos debates televisivos ao crescimento da democracia do insulto, a desqualificação do outro e pouco a um debate de ideias em que o relevante é a qualidade do argumento que apresenta e não a sua militância política. Nos inúmeros jornais, lemos artigos cujo conteúdo é o insulto a pessoas, a tentativa de linchamento público. Não há nesses artigos debate de ideias. Temos jornais cuja linha editorial é o bota abaixo, a desqualificação de determinados actores.

Temos na capital do país, uma sociedade acrítica que nunca desconfia da informação que consome. Lê e toma como verdade tudo que lê e vê nos noticiários. Uma sociedade supostamente intelectualizada que não submete a crítica a informação que recebe todos os dias. Falsas verdades são repetidas várias vezes e reproduzidas como verdades.

Uma sociedade que toma como intelectuais os cidadãos que insultam, desqualificam os governantes. Ser intelectual é falar mal de Guebuza e dos seus ministros. Académico, intelectual é só aquele que maldiz do Presidente da República, do governo e da FRELIMO. A esses a nossa esfera pública considera os iluminados, os donos da razão. Não se submete à crítica os postulados que apresentam pois vistos de forma acrítica são verdades. Dizer mal do governo e do Presidente é a moda e o que confere o estatuto de académico e intelectual. O contrário é ser lambe-bota e vendido ao sistema.

Temos pena dos jovens intelectuais que procuram elaborar crítica em jornais e em debates radiofónicos e televisivos exaltando em determinados momentos feitos do governo liderado pelo Presidente da República e da FRELIMO. Hoje procurou-se construir e sedimentar a ideia de que são lambe-botas, famintos de migalhas dadas pelo sistema.

Ora qualquer cidadão sem nenhuma disfunção psíquica percebe que a desaqulificação, o insulto visam condicionar a sua intervenção no debate marcante na nossa esfera pública. Esta forma de actuar tem como finalidade intimidar os actores que elaboram a sua crítica com responsabilidade e respeito ao bom nome dos actores.

Um país que tem uma inteligenstia que vive insultando o presidente da República, aos governantes é o retrato da inteligência que tem. Não se pode exigir muito do Presidente da República e do seu governo se a inteligentsia que o País tem está ou é especializada em insultos e na desqualificação do outro. A qualidade do debate e da sociedade que temos é produto da intelegentsia que temos em Moçambique.

Elaborar argumentos, apresentar publicamente e submetê-los à avaliação social ou dos pares de especialização não é tarefa fácil. O mais fácil é desqualificar o outro, insulto. O insulto está na moda.

Não peçam aos políticos que elaborem e desenvolvam o País se a inteligentsia que os devia assessorar, analisar criticamente e com responsabilidade as suas políticas vive do insulto.

António dos Santos

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