"Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova" – Mahatma Gandhi
A expressão “Pentear cágados” ficou celebrizada, entre nós, por intermédio da voz de um jovem cantor – Jeremias Nguenha (1972 – 2007). Na música “La Famba Bicha” (a fila avança), Nguenha diz, entre outras coisas, que não está contra o progresso mas apela ao bom censo para que os menos privilegiados economicamente não sejam esquecidos. Fala do alto custo de vida e da falta de perspectivas das populações carenciadas. As suas canções – profundamente críticas ao status quo da sociedade moçambicana – rapidamente o catapultaram para a fama, entretanto efémera. Nguenha alertava para as vantagens do trabalho; dizia, nas suas canções, que a melhoria de vida de cada um de nós só resultaria se todos nos engajássemos na produção, na labuta diária tendo como compromisso o desenvolvimento colectivo. “O salário deve crescer à medida do trabalho”, dizia.
Lembrei-me da enunciação “Pentear cágados” por causa de um cartaz, grande e amarelo, carcomido pelo tempo e pelas intempéries numa dessas nossas poeirentas e esburacadas ruas. De entre várias coisas, vinha lá escrito, num português rebuscado e sofrido, que o “Dr. M., vindo da região dos Grandes Lagos e com larga experiência, curava diversas enfermidades. A lista de promessas era bem longa mas uma alínea me chamou particular atenção; dizia: “Faz ganhar dinheiro mesmo sem trabalhar”. Engoli em seco. Ganhar dinheiro sem trabalhar? Como? Não achando resposta para o assunto – até porque o relógio já acusava horas de estar no meu local de trabalho – rapidamente me esqueci daquela frase que, dias depois me voltou a assaltar por causa de um outro episódio.
Texto de Belmiro Adamugy