Rendição do Presidente Zuma embaraça radicais do ANC
O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, rendeu-se à recomendação da Provedora Publica, Ntuli Madonsela, e à pressão da oposição para pagar do seu bolso o excesso de 240 milhões de randes abusivamente usados nas obras de modernização do seu castelo residencial particular de Nkandla, província de Kwazulu-Natal.
Nos termos da lei sul-africana, o Chefe do Estado tem direito a uma residência particular construída pelo Estado. O Governo alocou um certo valor para a construção da residência de Zuma em Nkandla, mas ao longo do processo da construção gastou-se muito mais dinheiro do que tinha sido orçamentado pelo Estado para as obras.
A modernização do castelo, com mais de 20 rondáveis, cobertos de capim, incluiu construção de piscina, curral para gado e capoeiras. Estes anexos foram considerados importantes para segurança do castelo de Zuma com quatro esposas e mais de 20 filhos.
O povo, apertado pela pobreza, desemprego e desigualdades económicas, reagiu contra a opulência das obras da residência do seu Presidente.
A Provedora Publica investigou o assunto e constatou que houve excesso de 240 milhões de randes, cerca de 720 milhões de meticais ao câmbio de 3.00 MT/Rande recomendou que Zuma pagasse o excesso ao Estado.
A oposição, com o partido dos Combatentes pela Liberdade Económica, de Julius Malema, à cabeça, transformou o assunto num verdadeiro cavalo de batalha política, exigindo ruidosamente no Parlamento o pagamento do dinheiro pelo Chefe do Estado.
O Presidente Zuma e seus aliados radicais do ANC negaram a pés juntos o pagamento do dinheiro. Mandaram o Ministro da Policiado governo de Zuma investigar as obras de anexo, tendo produzido um relatório ilibando o seu Chefe de qualquer culpa nos excessos das obras e assumindo que a piscina, curral e capoeiras eram efectivamente necessários para a segurança do castelo presidencial particular.
A oposição e o gabinete da Provedora Publica rejeitaram o relatório e prometeram levar o assunto ao Tribunal Constitucional.
A uma semana da audição do caso no Tribunal, Jacob Zuma emitiu comunicado presidencial prometendo pagar do seu próprio bolso uma parte do dinheiro das obras de Nkandla.
Os radicais do ANC, com o Secretário-geral, GwadeMantashe, à cabeça estão embaraçados com a rendição do seu Chefe considerado um verdadeiro Golia contra David.
No final de 2015, Jacob Zuma fez marcha atrás face ao coro de condenação da nomeação de um desconhecido deputado do ANC para o poderoso cargo de Ministro das Finanças da economia mais industrializada de África.
Entretanto, diz-se que na vizinha Pátria dos Heróis, há um grupo de gente da linha dura que recusa qualquer esforço do Presidente Filipe Nyusi de flexibilizar o processo de reconciliação e consolidação da paz ora fragilizada para o bem do seu patrão, o povo.
São ecos da pobreza que na Pátria dos Heróis tramam o patrão de Filipe Nyusi e os de desenvolvimento que na África do Sul consolidam a democracia constitucional. (x)
Simião Ponguane