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Verde que nos ajuda a esperar

Por Idnórcio Muchanga

Há uma fome de verde que nos mata pouco a pouco. Já fomos uma cidade mais colorida, com acácias roxas e amarelas. Davam um ar mais tropical à nossa cidade, a nossa varanda sobre o Índico como cantou o poeta na sua pintura de sons. Há nestas fotos – captadas pelo foto-jornalista Jerónimo Muianga – uma simplicidade tocante que resgata essa imagem idilica da nossa Cidade. Um olhar mais descuidado verá apenas gente trabalhando. Mas Jerónimo viu para além da simples mão que empunha a enxada ou colhe folhas de alface – de um verde cândido – para alimentar almas quase sempre desconhecidas.

Há quem sonhe com coisas e loisas mas as pessoas que vemos nestas fotos sonham que fazem amor com a terra para que esta, depois, lhes dê de volta o verde que alumiará as suas vidas. É a vida brotando de mãos calosas e sorrisos rasgados que dá o verde que enfeitará o seu e meu jantar. Ou o pequeno almoço. Ou até a refeição de alguém que nunca viu o pé de uma abobora mas espera que este adocique a sua boca. Como diz sabiamente Riccardo Bacchelli aagricultura é a arte de saber esperar.Esperar – porque a semente tem o seu tempo; esperar – porque a chuva pode ou não vir; esperar porque o verde pode nos fazer esperar… e nessa – as vezes angustiante espera – haverá certamente um lusco-fusco de esperança: que a terra nos dé hoje o fruto do nosso suor…Leia mais…

 

 

Belmiro Adamugy

Gráfica de Jerónimo Muianga

 

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