O Chefe do Estado, Armando Guebuza, orientou a população do distrito de Chimbonila, na província de Niassa, a utilizar a energia eléctrica para realizar os sonhos do Presidente Samora Machel que queria que o povo moçambicano vivesse bem e em paz, que a agricultura fosse produtiva, a educação formasse bem e que os doentes fossem convenientemente atendidos nos hospitais.
Num breve comício popular realizado ao princípio da tarde de ontem, na sede de Chimbonila, Armando Guebuza disse aos presentes que a ligação deste distrito à Rede Nacional de Energia é motivo de júbilo, porque esta é importante para ajudar a melhorar a qualidade do atendimento dos doentes nos hospitais, para melhorar a produção agrícola através da utilização de meios eléctricos para a rega, assim como para alargar e melhorar a qualidade do ensino nas escolas.
“Inauguramos hoje, dia 19 de Outubro, dia em que morreu o saudoso Presidente Samora Machel, que sempre lutou pela paz em Moçambique e no mundo. Ele foi assassinado pelo Apartheid, da África do Sul, quando regressava duma missão de paz. O regime do Apartheid juntou-se ao de Ian Smith, da antiga Rodésia (actual Zimbabwe) e com o regime colonial e fascista português para nos combater e impedir a nossa independência. Mas, vencemos. Pelo que não descansaremos enquanto não estivermos claros do que aconteceu em Mbuzini”, frisou.
Para Guebuza, Samora Machel foi assassinado pelo Apartheid, mas, com a ajuda de mãos, actos e pessoas moçambicanas, pelo que “o Governo moçambicano não descansará sem saber quem são essas pessoas e as responsabilidades que cada um teve. Por tudo isto devemos dedicar a energia que agora chegou a Chimbonila para realizarmos os sonhos de Samora Machel”.
Para Felisberto Meterua, administrador de Chimbonila, a chegada da electricidade da Rede Nacional representa o fim do calvário e das travas do distrito que, até recentemente dependia de geradores eléctricos, particularmente na vila sede e nos povoados de Chala e Meponda.
Quando os três geradores a diesel funcionavam em simultâneo consumiam cerca de dois milhões de meticais por mês. “Porque não tínhamos disponibilidade financeira, vivíamos na escuridão. Era difícil manter a ordem e tranquilidade pública e receber investimentos”, disse.
Com a chegada da corrente eléctrica, Meterua afirma que começam a ser ensaiados passos para o desenvolvimento local na medida em que várias iniciativas de âmbito público de privado começam a despontar. “Temos pedidos para a construção de restaurantes, pensões, bares, pequenas unidades industriais, entre outras”.
No domínio público, Meterua revela que o governo distrital já está a cogitar a possibilidade de introduzir o curso nocturno para o segundo ciclo do ensino secundário, pois, até ao momento, em Chimbonila só se lecciona até à décima classe e apenas no curso diurno.
Por outro lado, e ainda no mesmo quadro, a administração de Chimbonila está a projectar utilizar a corrente eléctrica para alargar o fornecimento de água potável para os residentes da vila que até ao momento dependem de um furo que funciona com base em painéis solares.
Segundo o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da EDM, Augusto de Sousa, o projecto de electrificação da sede do distrito de Chimbonila está inserido no contexto de um electrificação da província de Niassa que tem como objectivo elevar a qualidade de vida das populações, contribuindo para a redução da pobreza.
Para a materialização desta iniciativa, a EDM contou com o apoio financeiro do reino da Noruega, na ordem dos 56 milhões de meticais, valor que foi aplicado na construção de uma linha de Medida Tensão com cerca de 35 quilómetros a partir da capital provincial, Lichinga.
As obras iniciaram em Novembro de 2011 e ao longo do trajecto foram ligados vários povoados, nomeadamente Colongo, Mtava, Nomba e as cercanias do Complexo Lusa. “Presentemente, temos cerca de 240 clientes incluindo instituições como a administração, hospital, uma escola, comando distrital, entre outros”, disse Augusto de Sousa.
O PCA da EDM sublinhou que a meta é ligar todas 128 sedes distritais à Rede Nacional de Energia até 2014 e que a província de Niassa é uma das precisa de acelerar o passo porque tem seis distritos por ligar. “Em Cabo Delgado temos dois distritos em falta, conseguimos ligar todos os distritos de Nampula, mas, falta concluir os trabalhos em Sofala e Manica, onde temos dois distritos cada por electrificar. Na província de Gaza faltam três”, disse De Sousa.
Augusto de Sousa acrescentou que Niassa tem projectos específicos de electrificação e que decorrem obras de construção da linha que vai ligar Chimbonila à sede do distrito de Majune “mas, até 2014 vamos ter todos distritos ligados. Inclusive para Mecula. Dos 128 distritos aqueles que não estão ligados têm projectos em curso para a sua ligação”.
Jorge Rungo, em Lichinga
Fotos de Jorge Rungo