TEXTO HERCÍLIA MARRENGULE
FOTOS DE CARLOS UQUEIO
Quando o relógio marcava 5h45 min, já era evidente a azáfama nas paragens de “chapa”, onde “só viaja quem é mais forte”, em contraste com o cenário que se assiste na estação ferroviária, onde se apanha o comboio que faz o trajecto Ressano-Garcia-Baixa, alternativa a que muitos se socorrem para não enfrentarem “o martírio” que tem sido apanhar “chapa” nos dias que correm.
É a bordo do comboio, um dos poucos transportes públicos de passageiros que ainda oferece alguma “comodidade”, que o domingo inicia o périplo, seguindo o rastro de quem depende de transporte público para se locomover, sobretudo nas horas de ponta.
Embora se aproximasse da hora seis, o dia daqueles homens e mulheres, jovens e até idosos, que viajavam de comboio, tinha começado muito antes. A maioria, ainda que entre às sete ou oito horas nos seus postos de trabalho, é obrigada a sair de casa por volta das quatro horas.
São pessoas oriundas de Ressano-Garcia, Moamba, Pessene, Maguaza, Ntenga, Mucupe, Quilómetro 25, Quarteirão Sete, Siduava, entre outros lugares. Carla Macuacua, de 49 anos de idade, é disso exemplo. Mora em Pessene, no distrito de Moamba, e no local de trabalho entra às 8h00. Mas, para apanhar o comboio, tem de sair de casa às 4h00. A rotina tem sido essa lá vão muitos anos. De contrário, tem de gastar muito dinheiro para chegar ao bairro do Fomento, na Matola, onde trabalha.
“Só de Pessene para Malhampswene, um dos bairros da cidade da Matola, são 40 Meticais. Dali tenho de apanhar mais três ‘chapas’”, afirma, para, de seguida, descrever que o comboio tem sido o único meio que a leva até próximo ao destino a um preço razoável. Por isso, “tenho de acordar às 3h00, não me importo ”. Leia mais…