O Fundo Distrital de Desenvolvimento (FDD), vulgo “ sete milhões”, está a transformar a vida de muitos cidadãos em Gondola. Apesar de o valor não ser suficiente para satisfazer a demanda,
gradualmente vai chegando aos moçambicanos. O seu impacto no combate a pobreza é claramente visível.
Dados em nosso poder indicam que de 2007 à 2012, Gondola recebeu um total de 46.762.700,00 meticais distribuídos pelas suas sete localidades, montante que serviu para financiar centenas de projectos de produção de comida e de geração de rendimentos.
A construção de bancas fixas para comércio, de carpintarias, serralharias, a abertura de campos de produção de alimentos, represas e outras actividades consumiram maior bolo atribuído aos proponentes e, consequentemente, foram criados milhares de postos de trabalho, abarcando número significativo de jovens que viviam no desemprego.
Dados disponíveis indicam que deste valor os mutuários devolveram até ao momento aos cofres do Estado um total de 8.985,613,00 meticais. O plano anual de reembolso estabelecido é de 2.5 milhões de meticais, notando-se, ainda, algum incumprimento ou resistência por parte de alguns beneficiários que teimam em não honrarem com os compromissos assumidos.
Entretanto as autoridades ainda não accionaram o sinal de alarme, encorajadas com o impacto positivo que a iniciativa está a gerar na vida das comunidades. O sistema de crédito rotativo vai assumindo uma dimensão notável, estimulado pela devolução de parte do dinheiro emprestado, fora de aplicação de juros.
Para melhorar o sistema, o Governo vai implementando outras estratégias de cobrança que passam pela capacitação dos membros dos Conselhos Consultivos Localidade e aos devedores em matéria de gestão, a par da sensibilização para a devolução dos fundos .
TRANSFORMANDO VIDAS
É assim que este dinheiro entra nas famílias, transformando vidas. Gondola, região escalada pela nossa Reportagem na semana passada, é um dos exemplos de sucesso, porque já é notório o crescimento económico.
As casas que outrora eram de caniço ou bloco-burro já apresentam “faces” melhoradas. Onde não existia uma banca fixa, hoje existe. Se era de construção precária, já está melhorada e, em suma, o sorriso dos gondolenses deixa transparecer alegria e esperança de uma vida cada vez melhor.
São inúmeras mudanças que podem ser vistas naquele distrito, o mais extenso e populoso da província de Manica que já possui uma fabriqueta de sumos e de compotas feitos a partir de frutas diversas .
Trata-se de uma infra-estrutura é o espelho de crescimento. Pertence a Associação Kuponagueacha que emprega actualmente 20 mulheres . Nasceu e foi equipada com fundos dos sete milhões .
As mulheres receberam do FDD 260 mil meticais que foram aplicados na compra e montagem de equipamentos. Nesta componente foram gastos 230 mil meticais e os restantes 30 mil serviram para construção de capoeira e compra de pintos para produção de frangos.
A coordenadora da Associação Kuponagueacha em Gôndola, Mónica João, disse que por hora a fábrica produz cem litros de sumo e o produto é vendido naquele distrito e um pouco pela província toda.
Cada frasco de sumo ou Jam de 375 mililitros custa por 15 meticais e a manteiga de amendoim 50 meticais. A matéria – prima para o fabrico destes três produtos vem dos camponeses daquele distrito.
Na criação de galinhas para produção de frangos, a associação dispõe de uma capoeira com capacidade para 500 aves. Presentemente criam 300 galinhas e os frangos são vendidas localmente e nas regiões circunvizinhas.
O projecto de criação de galinhas começou no ano passado. De acordo com Mónica João, o mesmo está a trazer resultados satisfatórios. Até este momento, os associados devolveram seis mil meticais do valor recebido do Fundo Distrital de Desenvolvimento.
Ela explicou que para os próximos tempos, o desafio centrar-se-á no aumento da produção nas duas componentes de actividades (sumo e frango) e na identificação e expansão do mercado.
“ O nosso sonho é aumentar aquilo que produzimos e crescermos no mercado concorrencial. O nosso produto tem qualidade desejada. Notamos isso porque a procura é maior por parte dos nossos clientes”, disse, acrescentando que enfrentam algumas dificuldades porque os recipientes são comprados na República do Zimbabwe.
“Contudo acreditamos que com um pouco de mais esforços havemos de atingir aquilo que são os nossos objectivos que são de ver a fabriqueta a conquistar lugares de destaque no ramo industrial no país”, sublinhou Mónica João.
O testemunho não só veio das mulheres. Também chegou de Patrício Avelino Alficha, um dos beneficiários do FDD. Camponês e pais de cinco filhos, ele trabalha a terra desde 1998 e reside no povoado de Chipindaumwe, localidade de Pinhanhanga, posto administrativo de Amatongas naquele distrito.
Contou que recebeu 50 mil meticais do Fundo Distrital de Desenvolvimento em 2011. Com o valor aumentou as suas áreas de produção de três para aproximadamente dez hectares , apostando em culturas como ananás, cereais e hortícolas.
Além destes investimentos, construiu três tanques piscícolas para produção de peixe que serve para alimentação familiar e comercialização.
Afirmou que a actividade agrícola está a trazer-lhe bons rendimentos e mudanças. Em tão pouco tempo adquiriu igualmente três moagens e comprou uma viatura. Explicou que com o ananás arrecada muito dinheiro. Anualmente consegue ter acima de cem mil meticais só desta fruta e o seu mercado preferencial tem sido as cidades de Chimoio, Beira e o cruzamento de Inchope.
A família Alficha tem sido um exemplo na devolução do dinheiro cedido pelo Governo. Do ano antepassado a esta parte reembolsou seis mil meticais e a aposta é repor o valor em tempo útil para que seja entregue a outros proponentes que têm igualmente projectos em carteira.
Patrício Alficha referiu que nos próximos tempo tenciona ampliar os seus campos para quinze ou mais hectares. Para isso, conta com apoio dos extensionistas locais e do Governo que muito tem contribuído para o seu sucesso.
“ Não tenho razões de queixa, o Governo que deu-me 50 mil meticais do FDD. Investi no terreno e hoje estou a colher os frutos da minha entrega ao trabalho. Vendi e consegui dinheiro com o qual comprei muita coisa para a família. Já tenho carro e moagens. Aumentei os campos de produção e estou a criar peixe. Para mim é um passo. Quero crescer mais e quem sabem, qualquer dia processar a fruta aqui onde produzo”, disse Patrício Alficha.
Para além destes cidadãos, vários outros subiram ao pódio durante o comício da Governadora da província de Manica¸ Ana Comoane, que semana passada trabalhou naquele distrito no âmbito da governação aberta, visitas que tinham como objectivo, acompanhar o grau do cumprimento dos planos de actividades e do manifesto eleitoral.
Lázaro Mutisse Nhaculoera um dos cidadãos que falou em nome dos residentes de Gondola, louvou o empenho do Governo do distrito e o Conselho Municipal local pela forma como tem sabido resolver os problemas do povo.
Disse que não obstante a dificuldades que o distrito atravessa, as autoridades governamentais têm estado prontas para resolver os problemas relacionados com o melhoramento das vias de acesso, expansão da energia eléctrica, água para os bairros e o combate a erosão e a criminalidade entre outros males.