Dezenas de piscinas escolares estão paralisadas em diferentes pontos do país, facto que concorre para a redução gradual de praticantes da natação no país.
A natação moçambicana continua a perder praticantes federados, sendo uma das razões para o fenómeno a escassez de piscinas de competição.
Na cidade e província do Maputo, por exemplo, enquanto cresce o número da população e de residências com piscinas de lazer, decresce o número de nadadores federados.
Técnicos ouvidos pelo domingo defendem que alguns clubes históricos encerraram os departamentos de natação sem justificação, para além de que as escolas, tradicionalmente fornecedoras de praticantes, estão hoje privadas de piscinas.
A nossa Reportagem visitou alguns estabelecimentos de ensino antigamente viveiros de nadadores e constatou que as bacias que ontem foram piscinas, hoje servem para outros fins.
Na Escola Secundária Estrela Vermelha, por exemplo, encontramos alunos da sétima classe a jogarem futebol no “novo campo”.
Contaram-nos que a antiga piscina está transformada num campo de futebol e ginásio, no qual os professores de educação física recorrem para ministrar as aulas.
Em tempo de chuvas, a antiga piscina fica alagada e encerra às actividades por períodos prolongados, transformando-se numa potencial incubadora de doenças.
Cenário semelhante encontramos na antiga piscina da Escola Secundária Noroeste 1, no bairro da Maxaquene, que em tempos teve uma piscina olímpica.
Sim, uma piscina com 50 metros semelhante àquela construída recentemente no parque desportivo do Zimpeto.
Na “Noroeste” 1, de vez em quando alguém se lembra de fazer a limpeza, mas nota-se que a piscina está transformada em depósito de lixo.
Nos intervalos, os alunos aproveitam o resto da infra-estrutura para brincadeiras de ocasião, longe de saber que os arquitectos e engenheiros que ergueram aquela infra-estrutura esperavam outro tipo de aproveitamento.
Amélia José conta que “desde que estudo aqui nunca vi alguém a nadar aqui, mas sei que era em tempos uma piscina”. Ela gostaria de aprender a nadar mas está proibida de alimentar esse sonho.
Na Escola Secundária da Polana resiste o esqueleto de construção da piscina, interrompida na década de 70, segundo fontes da Associação de Natação da Cidade de Maputo (ANCM).
Já na Escola Primária 3 de Fevereiro, depois de assistir encerrada a piscina por longo tempo, a direcção da escola decidiu tapá-la com areia para evitar que o recinto se transformasse em fonte de doenças.
“Aqui é piscina, é piscina aqui…”,gritam inocentes os alunos, indicando sinais de azulejos nas laterais da infra-estrutura entulhada de areia.
ASSOCIAÇÃO DE NATAÇÃO DESEJA
REABILITAR “ESTRELA VERMELHA”
A natação continua fora dos festivais nacionais dos Jogos Desportivos Escolares, porque a modalidade não é movimentada na maioria das províncias do país, e, por tabela, não faz parte do actual curricula.
Uma realidade que a Associação de Natação da Cidade de Maputo pretende ver alterada, uma vez assumir que existe potencial para a integração da natação nos festivais escolares, ainda que a título demonstrativo.
O Secretário-Geral da Associação de Natação da Cidade de Maputo, Caetano Rúben, disse que a nova direcção daquela agremiação pretende reabilitar a piscina do Estrela Vermelha.
Avançou que ainda não estão estimados os custos da intervenção, mas já há contactos avançados com as autoridades da Educação para um acordo para o efeito.
“Não podemos continuar com lixeiras dentro das escolas, provocando doenças como a malária. Somos chamados a alterar esta situação”, disse Rúben.
No entanto, o Clube Tubarões de Maputo manifestou, também, ano passado, junto da direcção da Escola Secundária Estrela Vermelha, a intenção de reabilitar e explorar a piscina em causa.
O clube pretendia instalar naquele estabelecimento de ensino a base de recrutamento de seus nadadores para a alta competição.
Segundo Frederico dos Santos, director técnico dos Tubarões, o actual estado da piscina é “triste”, não percebendo por que razão a vontade daquele clube está a ser negada.
– É difícil perceber a recusa do nosso projecto. Visitamos a piscina do Estrela Vermelha junto com arquitectos e engenheiros, apresentamos o projecto de reabilitação e exploração e até ao momento não nos disseram nada, lamentou.
No entanto, o técnico manifestou-se encorajado pelo facto de “a associação estar a alcançar um acordo com o sector da Educação para o aproveitamento da piscina do Estrela vermelha”.
Frederico dos Santos recorda que da piscina do Estrela Vermelha já saíram grandes nadadores, não havendo razões para apagar esta história “num período que o país está a crescer noutros sectores”.