Com o arranque ao nível nacional do ano lectivo de 2016, em Maputo, pais e encarregados de educação afluem às livrarias e adquirem livros de editoras diferentes, nomeadamente LongMan, Plural Editores, Escola Editores, Texto Editores, entre outras, destinados à mesma classe.
Todos os livros foram aprovados pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), facto que deixa os responsáveis pelos alunos agastados, pois muitas vezes são obrigados a esperar pelo início das aulas para que os professores decidam qual é a melhor editora ou fácil para usar durante o ano lectivo.
Os estabelecimentos comerciais vocacionados à venda de material escolar estão sem mãos a medir face à crescente procura, organizando-se ao máximo para corresponder às necessidades dos seus clientes, na expectativa de que até ao final do mês terão mais compradores.
Segundo apurámos, com vista a evitar que na mesma turma os alunos apresentem livros com editoras diferentes, algumas direcções das escolas tiveram o cuidado de, no dia da abertura oficial do ano lectivo, distribuir cartões com as editoras que os professores vão usar para a orientação dos alunos.
O frenesim de alunos, pais e encarregados de educação é notório às entradas das livrarias e nos vendedores informais. Facto curioso e que chamou a nossa atenção é que os vendedores ambulantes de roupa usada, sapatos, malas e electrodomésticos diversos também viraram as suas atenções para a venda de material escolar adquirido, na sua maioria, em estabelecimentos vocacionados à venda de artigos similares, tornando-se concorrentes desleais.
Os pais e encarregados de educação queixam-se da falta de meios financeiros para aquisição de livros escolares. É que um livro escolar para a 8ª classe custa 580 meticais, daí que muitos adquiriram nos vendedores informais, porque nestes o preço é relativamente acessível.
Encarregados de educação há que ainda não sabem qual editora devem aderir porque em algumas escolas os responsáveis pelas escolhas dos livros são os professores e até o momento ainda não apontaram os manuais escolhidos para o ensino e aprendizagem.
Durante a nossa ronda constatámos que há falta de livros da 4ª classe nas prateleiras de livrarias formais e nos informais.
Portanto, alguns encarregados que têm seus filhos a estudarem nas escolas privadas que não têm direito a livros de distribuição gratuita são obrigados a fazer um “vai-e-vem” na cidade para poderem obter os manuais daquela classe do ensino primário.
O facto do Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) ter autorizado a utilização de várias editoras requer aos pais e encarregados de educação que prestem mais atenção quando for a iniciar o ano lectivo.
“Os livros estão caros, não sei se é por causa de depreciação do metical face ao dólar norte-americano. Dói tirar mais de 500 meticais para comprar um único manual escolar enquanto falta adquirir pasta, uniforme, cadernos, canetas, entre outros materiais. Imagina para quem tem mais de um filho?”, disse MariaMatavele, funcionária pública.
Segundo ela, assim que háfalta de livros de 4ª classe éobrigada a visitar as livrariasaleatoriamente, facto que a deixaagastada, uma vez que háproblemas de estacionamentona baixa da cidade. “Há escolas que tinham parcerias com algumas editoras ou livrarias e vinham vender os livros no recinto escolar, mas este ano foi diferente. Temos que procurar pessoalmente.”
Enquanto Alcido Mavile, funcionário da Autoridade Tributária (AT), disse que dos onze livros que precisa para a sétima classe, só conseguiu comprar quatro, porque para outros filhos ainda não sabe qual é a editora que a escola escolheu para os professores usarem. “Assim terei que ir às escolas parasaber qual das editoras tenhoque comprar.”
Para Mavile, o Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano deveria apresentar a lista das editoras às escolas e cada escola indicar qual editora prefere e dizer onde devem adquirir os materiais.Um aspecto curioso é que logo nas entradas das livrarias é possível encontrar pessoas que encapam os livros e cobram 50 meticais por unidade.
Idnórcio Muchanga
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