Cerca de duas centenas de médicos juntaram-se ontem na Praça da Independência, capital do país, numa manifestação exigindo solução para as suas reivindicações.
Empunhando dísticos com mensagens como “cuidar de quem cuida é obrigação, e não favor”, “o povo moçambicano merece serviço de qualidade”, “nós também somos pessoas”, entre outros, os médicos deixaram claro que as suas reivindicações não visam prejudicar o povo moçambicano, que nada tem que ver com a contenda, mas, sim, encontrar espaço para o diálogo juntamente com o Governo.
Os manifestantes afirmam que a sua ida à rua visa melhores condições de trabalho, melhorias na tabela salarial, busca de meios para logística hospitalar e construção de infraestruturas que forneçam conforto não só ao profissional da saúde como também ao utente.
A Associação Médica de Moçambique, que dirigiu a marcha, sublinha que não é possível que se mantenha o lema “o nosso maior valor é a vida”, se não se cuida de quem cuida dela.
A mesma agremiação alega que neste momento há unidades sanitárias que se debatem com a falta de medicamentos, estando algumas sem água e energia.
Ressalva que decidiu ir à rua para dizer “basta à insensibilidade e improviso para com a saúde da população”, acrescentando que “a mais importante de todas as preocupações é que não temos condições de trabalho. Os hospitais não têm materiais. Existem cirurgias, por exemplo, que foram canceladas por falta de soro, isto não faz sentido. Este movimento é um basta. Queremos condições que nos valorizem, melhores condições em termos de remunerações, que não violem nossos direitos”, detalhou Milton Tatia, presidente da Associação Médica de Moçambique. Os médicos acrescentaram que é seu desejo ver o doente como centro de preocupação do Governo, daí que insistem que “a greve vai continuar até haver soluções”.