O Governo moçambicano iniciou a reabilitação da linha férrea, há muito esperada, entre Cuamba e Lichinga, infraestrutura considerada de importância capital para o desenvolvimento de toda a zona norte de Moçambique.
Dados em nosso poder indicam que até terça-feira última mais de 40 dos 268,2 quilómetros que constituem aquela ferrovia tinham sido reconstruídos.
A construção da linha férrea Cuamba/Lichinga, cuja conclusão é aguardada com muita ansiedade pela população de Niassa, e não só, vai custar aos cofres do Estado moçambicano 102.5 milhões de dólares norte-americanos, sendo que as obras foram adjudicadas à construtora Mota-Engil.
Enquanto isso, Fenete Muthemba, do Corredor de Desenvolvimento do Norte ( CDN) revelou ao nosso jornal que as obras terão a duração de 25 meses.
Dois lotes comportam o projecto em alusão, nomeadamente Cuamba/Mitande e Mitande Lichinga, com a extensão de 110 e 158,2 quilómetros , respectivamente.
De referir que a assinatura da carta de intenção ocorreu em Dezembro de 2013, tendo o contrato sido rubricado em Março do ano seguinte. A fonte que temos vindo a citar assegurou-nos que, concluídas as obras, a linha poderá suportar a circulação de comboios a uma velocidade máxima de 50 Km/hora. “A bitola da linha é de 1067 milimetros e 16,5 toneladas de carga por eixo”, acrescentou a nossa fonte.
Nesta primeira fase, e tendo em conta às dificuldades ligadas à chuva que fustiga esta zona do país, a Mota-Engil reabilita neste momento entre 600 e 700 metros de extensão, garantindo que muito brevemente, o ritmo das obras possa atingir mais de um quilómetro por dia.
A linha férrea Cuamba/Lichinga encontra-se inoperacional desde a década de 80, depois de sabotada pela guerra dos dezasseis anos que matou milhares de pessoas e destruiu inúmeras infraestruturas. É a única via com a qual a província do Niassa se faz ao mar através de Nampula.
A inacessibilidade ao Porto de Nacala faz com que os produtos manufacturados, com destaque para os alimentares, cheguem à província mais extensa de Moçambique a preços proibitivos.
O governador do Niassa, Arlindo Chilundo, que recentemente visitou as obras em Mepica, distrito de Cuamba, em Niassa, disse que a conclusão das obras rejuvenescerá a província e, por outro lado, permitirá o escoamento dos produtos.
“Com a conclusão desta linha, os produtos passarão a ser comercializados em Niassa a preços muito mais atractivos e competitivos do que antes, alavancando desta feita o desenvolvimento sócio-económico do Niassa”, salientou Chilundo, acreditando que a circulação de comboios vai também assegurar a livre circulação de pessoas e bens.
Num outro desenvolvimento, o governador de Niassa comentou a informação que recebeu da direcção da Mota-Engil, segundo a qual, em algumas zonas da via, pessoas desconhecidas estão a vandalizar a linha férrea através da retirada do balastro, lamentando a atitude de certas pessoas mal intencionadas que desviam o equipamento, prejudicando a empresa.
“Nós, como governo, vamos trabalhar junto das lideranças comunitárias para estas sensibilizarem as populações que inviabilizam os esforços no sentido de criar condições para o bem-estar das pessoas, através da criação de condições para a implantação de infraestruturas seguras e viáveis”, disse o governador.
Dirigindo-se, particularmente, aos empreiteiros, o governador de Niassa pediu para que as obras em curso terminem dentro dos prazos estabelecidos, mantendo as expectativas cada vez mais crescentes sempre vivas.
André Jonas