- Carlos Manuel, pesquisador e docente da UEM, em entrevista exclusiva ao domingo
No estudo sobre Línguas de Instrução e Transições nos Sistemas de Ensino (LITES), realizado pelos pesquisadores moçambicanos Carlos Manuel, Feliciano Chimbutane, Carlos Lauchande e Gervásio Chambo, ao longo de vários meses, no qual foram testadas as línguas changana, macua, ronga (Língua Primeira) e português (Língua Segunda), no âmbito do Ensino Bilingue (EB) no país, concluiu-se que “o nível de priorização da política de EB em Moçambique é moderado”.
Para trazer alguns detalhes do trabalho feito no terreno, domingo entrevistou Carlos Manuel, também docente da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), que, entre várias questões, falou da implementação da referida modalidade de ensino no país, dos recursos técnicos e materiais necessários, da formação de professores, da herança colonial e, especialmente, do que designa por “competição entre o Ensino Monolingue e Bilingue”, ao nível da gestão pelas autoridades competentes.
Passados vários anos desde a implementação da primeira experiência de EB, o que significa a conclusão do estudo LITES que indica que o nível de priorização da política do EB no país é moderado?
(Primeiro) este estudo envolveu várias fases: a leitura do que está escrito sobre Ensino Bilingue em Moçambique, leitura sobre o que se é escrito sobre priorização política nas ciências sociais, humanas e a prática. Então, alguns dos elementos sobre o que leva à priorização duma política tem a ver com o nível do que as pessoas responsáveis, entidades, governo, em público e em privado, dizem sobre ela. E nós descobrimos que há consistência entre as afirmações desses políticos, desses actores do EB, do Ministério da Educação, que advogam o EB. Também vimos políticas a serem aprovadas, regulamentos a serem aprovados. Por exemplo, a Lei 8/2018, que institui o EB como uma modalidade (legitima/legal) de ensino em Moçambique, tal como é a modalidade monolingue dada em português, e em 2019 a aprovação da estratégia de expansão do EB. É uma lei. Ninguém pode abolir sem que passe pela AR. Leia mais…