Garimpeiros artesanais voltaram a explorar a mina de ouro de Namajuba, no distrito de Memba, em Nampula, norte de Moçambique, desafiando a ordem de encerramento dada, no último sábado, pela ministra dos Recursos Minerais na sequência de um acidente que levou à morte de dez pessoas, soterradas.
A razão evocada pelos garimpeiros para desafiar a ordem de Esperança Bias e regressar ao garimpo em condições descritas como muito perigosasé, segundo eles, o facto de aquela ser a única actividade que lhes garante sobrevivência.
Alguns garimpeiros idos de vários pontos do país disseram, ao jornal Noticias, que não iriam abandonar aquela mina, porque é dali onde conseguem dinheiro resultante da venda do ouro que extraem para sustentar as suas famílias.
Abacar Alfane, um dos antigos garimpeiros disse ter conseguido algum dinheiro durante o tempo que permaneceu naquela mina, e que sair dali seria um suicídio razão pela qual espera que as autoridades governamentais compreendam a situação dele e dos demais, reabrindo o jazigo.
Se isto está encerrado por não oferecer mínimas condições para a nossa segurança durante o exercício da nossa actividade quero saber qual será o nosso destino, sabido que é aqui onde combatemos a pobreza como desempregados, argumentou.
Rosário Sebastião, outro garimpeiro, acrescentou que nós sobrevivemos através do ouro que extraímos daqui. Agora que está encerrada não temos outra saída de sobrevivência, por isso vamos continuar a trabalhar aqui, morrendo ou não.
A administradora distrital de Memba, Felisbela Lázaro, já manifestou a sua preocupação pelo facto de depois da ordem de encerramento da mina e o destacamento de uma brigada da Polícia da República de Moçambique para proteger o local haver ainda garimpeiros a extrair o ouro.
Esta preocupação foi manifestada perante a governadora de Nampula, Cidália Chaúque, que segunda-feira visitou a mina onde se acredita ter morrido um número muito acima dos 10 garimpeiros até agora conhecido oficialmente.
Chaúque disse ter ficado chocada ao saber que alguns dos perecidos foram sepultados mesmo ao lado do jazigo, tendo questionado o porquê de não terem sido tomadas medidas de precaução para se evitar a tragédia naquela mina, se bem que já se sabia em que condições o recurso mineral era explorado.
Cidália Chaúque, aconselhou os garimpeiros a criarem uma associação que não só vai fazer com que a exploração seja feita de forma organizada, como também irá permitir que em caso da ocorrência de uma tragédia como aquela da mina de Namajuba se possa identificar as vítimas e determinar mais facilmente as necessidades de apoio.