Defende o antigo Presidente da República (PR), Joaquim Chissano, no seminário internacional sobre Incubadora de Saúde em África, promovida pela Universidade de São Tomás de Moçambique e pela África Institute for Health Policy
Joaquim Chissano, antigo estadista moçambicano defendeu semana passada em Maputo que as fraquezas da medicina tradicional devem ser vistas como desafio a vencer para melhor compreensão da plenitude e potencial deste tipo de medicina e na perspectiva de que possa contribuir para a elevação da saúde dos moçambicanos.
Chissano falava no Seminário Internacional sobre Incubadora de Saúde em África, promovida pela Universidade de São Tomás de Moçambique e pela Africa Institute for Health Policy.
“Penso que as acções de pesquisa sobre a medicina tradicional devem ser apoiadas com mais vigor e determinação para que produzam resultados que confirmem a sua validade e as suas limitações”, considerou o antigo estadista moçambicano.
Adiante referiu que a prestação de cuidados de saúde é uma interacção complexa e dinâmica entre as entidades prestadoras desses serviços e os beneficiários. “Os beneficiários dos cuidados são um complexo demográfico de estratos sociais, grupos etários, étnicos e culturais diferentes que exercem profissões e actividades diversificadas, vivendo em condições sociais e económicas díspares e com estilos de vida igualmente díspares”, disse Chissano.
Considerou, ainda, que na maior parte de países africanos, incluindo Moçambique, as necessidades de cuidados de saúde estão longe de serem satisfeitas, por insuficiência de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros, concorrendo para um fosso entre as necessidades das populações em matéria de cuidados de saúde e a capacidade dos países em satisfazer a demanda.
“A estrutura e dinâmica demográficas determinam nos países africanos um conhecimento crescente das populações em matéria de saúde, acompanhado de maior exigência às entidades públicas para a sua satisfação,”, disse Joaquim Chissano.
Entretanto, lamentou o facto de o aumento de conhecimento e exigência de cuidados de saúde não ser acompanhado pela capacidade que os estados têm para satisfazê-los, facto que tem gerado alguma tensão entre cidadãos e governos.
EMPREENDEDORISMO NA SAÚDE
O antigo estadista moçambicano defendeu que o empreendedorismo associa-se às oportunidades ou necessidades não satisfeitas, à aceitação do desafio de procurar trazer soluções novas, bem como ao risco inerente de as soluções propostas não serem bem sucedidas.
“É uma actividade cheia de riscos, insucessos e frustrações. Mas não devemos deixar que essas dificuldades desencorajem iniciativas que tragam benefícios aos seus promotores e à sociedade em geral. Na área da saúde dos países africanos em geral, os empreendedores são necessários para, lado a lado com os poderes públicos, desenvolverem os sistemas de saúde nacionais”, disse Joaquim Chissano.
Chissano lembrou que os empreendedores podem ser entidades do sector público ou privado, de fins lucrativos ou humanitários, incluindo organizações cívicas, desportivas, culturais ou recreativas, desde que criem iniciativas de educação e promoção de saúde que tornem os cidadãos mais conscientes da sua saúde e a adoptarem estilos de vida mais saudáveis.
Na ocasião, deu exemplos de exercícios de combate e eliminação do stress, como campo de promoção de saúde. “Trata-se de técnicas relativamente simples, fáceis de aprender e de aplicar, mas com impacto positivo elevado nas pessoas que as praticam. Acho que estas técnicas, como, por exemplo, a Meditação e o Yoga, deviam ser ensinadas nas escolas, a começar das escolas primárias, de modo que as crianças cresçam a saber como proteger a sua saúde, através da prática de técnicas simples, mas de eficácia comprovada”, disse Joaquim Chissano.
Sublinhou que se estas técnicas fossem mais difundidas e praticadas ocorreriam menos doenças crónicas, particularmente, doenças cardiovasculares.
Um papel especial, segundo Chissano, cabe aos profissionais que são chamados a adquirir competências de gestão de negócios, de modo a tirar vantagens das oportunidades de investimentos. “Estes profissionais, para seu próprio benefício, devem aceitar o desafio de trilhar caminhos novos incluindo os já percorridos por outros profissionais e pela sociedade em geral”, finalizou o antigo estadista moçambicano.