Sobre os olhos diz-se muita coisa. Mas eu gosto particularmente do olhar das crianças. Gosto da maneira como elas se olham. Como elas, as crianças, são sinceras através dos olhos. Têm um olhar que é muito diferente da forma como as pessoas se olham, por exemplo, os adultos. Sou entusiasta da prática de olhar, gosto de observar essas subtilezas, mas até então sempre as definia em termos culturais bem amplos. Nós olhamos de um jeito, chineses de outro, sul-africanos de outro, por aí adiante.
Mas também há quem fique embaraçado diante de um olhar mais atrevido. Mas os olhares – no alto da sua magia – fazem-nos sorrir e dizer alguma amenidade para amaciar o desconforto e quebrar o silêncio que envolve a troca de olhares com um desconhecido. Às vezes uma troca de olhares sustentada durante certo tempo pode ser percebida como uma afronta, uma provocação. O comportamento no nosso país se aproxima mais do olhar informal. Aqui as pessoas não têm vergonha de se olhar e isso, a princípio, não é um desrespeito. Leia mais…