Durante a visita do governador David Malizane, o problema da falta de água foi o mais aflorado. Em comícios populares a população de Pringilane e Túpuè queixou-se da falta deste
precioso líquido, ajuntando que as pessoas – senhoras, raparigas e crianças, principalmente – ficam dias inteiros sem realizar as suas actividades diárias para se deslocarem aos rios em busca de água. O mesmo acontece em relação às raparigas e crianças que são obrigadas a faltar às aulas.
Félix Sumaila, camponês, subiu ao pódio para explicar ao governador que ‘a falta de água não nos deixa dormir à vontade’, tendo lamentado pelo facto de não se vislumbrarem soluções imediatas que possam resolver o problema que nos próximos dias poderá provocar fome no distrito.
Para além de água, Chingori Amimo, outro interveniente, reconheceu os esforços que o governo está a fazer em relação à electrificação, através da rede de Cabora Bassa, mas pediu para que a luz chegue a mais pessoas de Marrupa para, entre outras coisas, viabilizar os vários projectos de desenvolvimento rural.
Enquanto isso, um assunto novo foi levantado em quase todos os comícios. Trata-se do relacionamento entre os vários operadores turísticos e as comunidades, sendo que estas se sentem injustiçadas pelos primeiros, devido ao facto de não ser permitido caçar animais de pequeno porte para o seu consumo doméstico, como vinham fazendo desde os tempos dos seus ancestrais.
Para muitos camponeses, o governo está a conceder autoridade demais aos investidores, ao ponto de expropriarem todos os recursos que pertencem às comunidades. Este assunto foi levantado por Ussene Laice e corroborado por Matiquiti Amour.
Malizane amainou a preocupação da população, explicando que em nenhum momento o governo cedeu terra aos estrangeiros, pois, segundo disse, ela é propriedade do Estado. ‘É importante que todos nós saibamos que a terra e o que nela existem pertence ao povo. Todos os investidores na área do turismo são obrigados a assumir a sua responsabilidade social, entregando às comunidades 20 por cento do que produzem’, assegurou Malizane, instando a comunidade a colaborar com os operadores turísticos para o bem da província e do país.
Num outro desenvolvimento, Malizane incidiu o seu discurso na necessidade de preservar a paz, apelando as pessoas para não colaborar com todos aqueles que incitam a violência através de discursos contrários à vontade do nosso povo. “Todos nós conhecemos as consequências guerra, cada um de vós, certamente, perdeu um membro da família por causa da guerra. Digam não à guerra, sim ao diálogo”, pediu Malizane, lembrando a importância de levar as crianças à escola para estudarem a ciência que permita explorar os recursos naturais que estão a ser descobertos em quase todo o país”.