A Polícia da República de Moçambique (PRM) deteve, há dias, quatro cidadãos indiciados no crime de burla e clonagem de cartões bancários. Trata-se de Miguel Carlos, de 34 anos de idade, Hermenegildo Elias (26), Cremildo Xavier (28) e Mário Durão (34), respectivamente, que estão detidos nas celas do comando distrital da PRM em Manica, depois de terem sido encontrados com 46 cartões de débito e crédito de diversos bancos, com os quais ludibriavam os clientes nos bancos.
Informações em poder do domingo indicam que os cartões pertencem a cidadãos de nacionalidade moçambicana e estrangeira. Hermenegildo Elias, um dos detidos contou que usavam os cartões para aldrabar os clientes nas caixas automáticas.
Hermelindo Elias explicou que as vítimas eram pessoas que não dominam as máquinas. Eles usavam os cartões para enganar as pessoas. Identificávamos algumas pessoas que não sabem usar a ATM. Disponibilizávamo-nos para ajudar. Faziam questão de obter o código e tentávamos trocar o cartão. Ficávamos com aquele do cliente e ele levava o nosso. Mais tarde ficávamos a fazer a operação, explicou Elias, tendo confessado que fazíamos as operações depois de o cliente sair. Quando trocávamos insistíamos no PIN falso até o cartão que entregamos o cliente ficar retido na máquina. Quando a pessoa saia, nós ficávamos a fazer movimentos.
As incursões destes malfeitores aconteciam nas tardes e no período nocturno tal como contou aquele cidadão agora a conta com as autoridades policiais em Manica. Procurávamos fazer o nosso trabalho nas tarde e no período nocturno altura em que os bancos estão encerrados. Por vezes durante o fim-de-semana. Quando a pessoa deixasse o cartão retido na máquina só pode voltar dia no dia seguinte. Isso facilitava o nosso trabalho, explicou.
Em conversa com o domingo, uma das vítimas da burla, Felisberto Mário, contou que perdeu 67.700 meticais na sua conta bancária. Explicou que dirigiu-se ao banco para fazer um levantamento. O cartão foi retido na caixa automática. Porque era final de semana, regressou numa segunda-feira e constatou que o valor havia sido transferido para uma outra conta.
Não sei como é que aconteceu. Mas quando cheguei numa segunda-feira, entrei no banco e o funcionário disse que o dinheiro havia sido transferido outra conta. Fiquei preocupado porque não sabia o que teria acontecido.
Entretanto, a porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Manica, Elsídia Filipe, afirmou que a neutralização da quadrilha foi possível graças a denúncias populares. Algumas pessoas que foram vítimas de burlas apresentaram queixas a corporação que iniciou uma investigação. Os meliantes foram detidos quando tentavam empreender uma fuga depois de terem sido interpelados pela Polícia.
Domingos Boaventura
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