Abel, 14 anos, Augusto, 15 anos, Isa, 12, e Ianque, 8 anos, tinham de ser crianças apaixonadas por futebol, berlindes, “zhotos”, cabra-cega e outras brincadeiras comuns à sua idade. Mas não são assim. Aparentemente “normais”, quem as vê andar pela rua mal pode imaginar que são todas “craques” em “xindondinha”, um jogo de “fortuna” ou “azar” que assaltou várias barracas, mercados e até residências de muitos bairros da cidade de Maputo, Matola e não só. Semelhante a elas há tantas outras crianças, incluindo de cinco e seis anos. Estão viciadas.
Segundo um psicólogo ouvido pela nossa Reportagem, a exposição precoce ao vício tem exactamente as mesmas características da dependência química, daí que “as crianças podem desenvolver problemas de atenção e concentração, alguma hiperactividade devido à velocidade dos jogos, até mesmo dificuldade de controlo das emoções”.
Mais: os menores entram no vício sob o olhar atento dos adultos, reportando-se situações de participação nas despesas familiares com uso de dinheiro dos jogos. Trata-se, como veremos adiante, de um problema conhecido e combatido, até certo ponto, pelas autoridades, que estão à caça dos importadores dos softwares das máquinas de “fortuna” ou “azar”. Leia mais…
TEXTO DE MARIA DE LURDES COSSA