As chuvas que têm vindo a cair desde Outubro passado em todo país já mataram onze pessoas e destruíram várias infra-estruturas socioeconómicas na província de Manica. Deste número de vítimas, nove perderam a vida por descargas atmosféricas e as restantes por desabamento de casa e arrastamento durante a travessia do rio.
As descargas atmosféricas ocorreram nos distritos de Tambara, Manica, Báruè e Gôndola, enquanto o desabamento de casa registou-se em Machaze. O arrastamento aconteceu na cidade de Chimoio, capital da província, quando um cidadão tentou desafiar a fúria das águas para chegar a outra margem do rio. Na circunstância, o cidadão desapareceu tendo sido encontrado momentos depois sem vida.
Para além de danos humanos, as intensas chuvas que caíram recentemente naquela província fizeram com que algumas vias de acesso ficassem intransitáveis dentro e fora da cidade de Chimoio.
O delegado provincial do Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC), em Manica, João Vaz, em contacto com a nossa Reportagem em Chimoio, referiu que as chuvas, acompanhadas de ventos fortes, destruíram igualmente 41 casas, 23 das quais de construção precária.
Treze habitações, de construção convencional, sofreram danos parciais e tectos de treze centros de saúde ficaram danificados em consequência dos ventos acompanhados de chuvas torrenciais. No mesmo período, seis celeiros e algumas bancas fixas ficaram destruídos, revelou o delegado provincial.
Fazendo um balanço preliminar, João Vaz descreveu o cenário como sendo triste, tendo dito que durante alguns dias algumas rodovias da província ficaram interrompidas devido ao aumento dos caudais dos rios.
Algumas pontes ficaram submersas dificultando a passagem de pessoas e bens para vários pontos da província. Sem avançar as áreas, o nosso entrevistado explicou que algumas culturas alimentares são dadas como perdidas.
Os troços que outrora estiveram interrompidos são as estradas 525, no distrito de Manica, Sussundenga-Espungabera e a ponte sobre um dos rios na estrada Mossurize-Machaze foi destruída.
Este facto, segundo João Vaz, complicou sobremaneira a vida das populações daquelas zonas que viram temporariamente cortada a comunicação rodoviária com outras regiões do país.
Aquele delegado explicou que como se prevê no plano-director de gestão de calamidades, foram accionadas várias acções e actividades proactivas com vista a responder, em tempo útil, o grito de socorro proveniente das comunidades assoladas pelos fenómenos naturais.
Nesse âmbito, segundo ele, foram revitalizados os 30 comités locais de gestão de risco das calamidades existentes em toda província, incluindo os Conselhos Técnicos de Gestão de Calamidades bem como os Centros Operativos de Emergência-COE.
A nível provincial, estão a ser envidados esforços com as atenções viradas para as zonas propensas às calamidades, nomeadamente, os distritos de Tambara, Machaze, Sussundenga e cidade de Chimoio.
Porque já foi activado o alerta laranja, o sector colocou barcos de salvação em Sussundenga e cidade de Chimoio e a algumas famílias assoladas pelas intempéries foram oferecidas mantas, chapas de zinco, víveres e outros materiais de primeiros socorros. Os produtos foram alocados pelo Governo e outros parceiros de cooperação que operam em Manica.
As operações de ajuda estão a ocorrer nos distritos de Tambara, Manica, Guro, Sussundenga e Machaze. Nestes locais, os comités locais de gestão de risco das calamidades estão a desencadear inúmeras actividades que passam pela sensibilização das comunidades a abandonarem as zonas de risco para áreas seguras.
Estes comités locais usam telefones celulares, rádios comunitárias, cartazes e outros meios de divulgação de informação para fazer chegar o recado à população. O INGC também disponibilizou kits contendo apitos, tendas e outros instrumentos de apoio.
O delegado provincial do INGC em Manica disse que para estas e outras actividades, tendo em consideração a época chuvosa que termina em finais de Março próximo, a sua instituição tem à disposição cerca de 1,8 milhão de meticais do fundo do plano de contingência que deverá ser aplicado nos próximos dias.
Na província de Manica, ainda não há registo de famílias desalojadas ou abrigadas em centros de trânsito nesta época chuvosa.
João Vaz aproveitou a ocasião para chamar atenção às pessoas que residem nas zonas propensas às calamidades, nas margens dos rios e outros lugares assoladas pelos ventos fortes, para se deslocarem á regiões altas e protegerem da melhor forma os seus bens, principalmente durante as chuvas acompanhadas de trovoadas.
“Todos aqueles que vivem nas zonas baixas, que guardam os seus bens nas margens dos rios devem retirar-se porque ainda tempos muita chuva e ventos pela frente. Em casos de trovoadas. as pessoas devem abrigar-se em lugares seguros, não permanecerem na via pública, debaixo das árvores e outros sítios susceptíveis a descargas atmosféricas”.
Domingos Boaventura