Mais de dois mil e 500 hectares de culturas diversas foram devastadas pelas chuvas no distrito de Tambara, a norte da província de Manica. Estima-se em três mil 614, o número de pessoas que viram suas machambas arrasadas pelas águas.
Grandes partes dos campos atingidos pelas águas localizam-se nas zonas ribeirinhas do rio Zambeze, o maior curso de água que atravessas aquela região de Manica. O aumento do caudal do gigante Zambeze deixou submersos alguns campos de produção de cereais, hortícolas, tubérculos e outras culturas nativas.
O chefe dos serviços de Agricultura na direcção provincial de Agricultura e Segurança Alimentar em Manica, Zacarias Muzaja, que revelou o facto ao nosso jornal, confirmou a ocorrência e explicou que os estragos sucederam nas margens do rio Zambeze onde extensas áreas contendo diversas culturas são dadas como perdidas. A nossa fonte referiu que do levantamento feito conclui-se que os produtores carecem de apoio urgente. Tais necessidades estão calculadas em uma tonelada de milho, igual quantidade de rama de batata-doce, 157 de feijão vulgar, quatro quilograma de repolho, cinco de tomate e dez quilogramas de cebola e couve.
Até ao momento a sua instituição dispõe apenas de semente de hortícolas. Espera-se pelo abrandamento da chuva para se proceder o lançamento da semente à terra. Aquele chefe explicou ainda que esforços estão em curso para aquisição de mais semente, principalmente de milho e outros cereais.
Questionado se a situação não poderá contribuir para ocorrências de bolsas de fome naquele distrito, o nosso entrevistado respondeu explicando que a população do distrito de Tambara tem áreas de produção nas margens do rio Zambeze, mas também cultiva em zonas seguras como é o caso de Búzua e em Nhacafula, concretamente em Casado. Estas regiões têm boa produção porque estão fora do risco de inundações.
Em Nhacafula, Búzua e Casado a produção está ser feita numa área calculada em 21.718 hectares de culturas diversas e espera-se que espera-se produzir 38.789 toneladas de produtos diversos na presente campanha agrária.
Com esses números, Zacarias Muzaja acredita que não haverá bolsas de fome porque ainda existe reserva alimentar da época finda.
“ Existe comida suficiente. A população também tem consciência do perigo. Quando produzir faz em duas regiões. Zonas baixas do Zambeze e seca. Quando há seca aproveita a humidade das margens e consegue boa produção. Quando a situação é contrária (inundações) socorre-se da parte alta. Portanto, está tudo acautelado e não teremos problemas”, garantiu a nossa fonte.
Com a excepção de Tambara, os onze distritos da província de Manica não registam chuvas a sensivelmente duas semanas. Esta ligeira calma faz com que algumas actividades como reabilitação das vias de acesso e a reconstrução de outras infra-estruturas destruídas pelas intempéries ocorram sem muitas interrupções.
Domingos Boaventura