Donald John Trump, 70, tomou posse na sexta-feira como o 45.º Presidente dos Estados Unidos, sucedendo Barack Obama com discurso nacionalista e crítico à classe política, no mesmo tom que marcou a sua campanha eleitoral.
Ele prestou juramento diante do Capitólio, em Washington, e discursou em seguida. Na presença de quatro dos seus antecessores,um deles republicano. Trump disse que a cerimónia tinha um significado especial porque estava transferindo o poder de Washington de volta ao povo.
“Por muito tempo, um grupo pequeno na capital dominou o poder, e a população não foi beneficiada”, afirmou. “O povo vai governar esta nação novamente”, prometeu.
O Presidente enfatizou a sua visão de colocar os interesses do seu país como prioridade:
“Buscamos amizade e boa vontade com as nações do mundo, mas o fazemos com o entendimento de que é direito das nações botar os seus interesses em 1.º lugar”, disse.
“Não procuramos impor o nosso modo de vida a ninguém, mas o deixamos brilhar como um exemplo. Nós brilharemos para todos seguirem”.
Trump disse que as vitórias dos poderosos no passado não foram as vitórias do povo. “Havia pouco para ser celebrado pelas famílias e pelo nosso país. Isso tudo muda, começando aqui e agora. Porque este momento é o momento de vocês, pertence a vocês”, disse.
“O que realmente importa não é que partido controla o governo, mas se o governo é controlado pelo povo”, diz Trump. “Os homens e mulheres esquecidos do nosso país não serão mais esquecidos”.
Trump descreveu essa América esquecida: “Mães e crianças presas na pobreza das zonas carentes das nossas cidades, fábricas enferrujadas espalhadas como lápides pela paisagem do nosso país. Um sistema educacional cheio de dinheiro, mas que deixa os nossos jovens e belos estudantes desprovidos de conhecimento. E o crime e as gangues e as drogas que roubaram tantas vidas e roubaram tanto potencial não realizado do nosso país. Essa carnificina americana acaba aqui e acaba agora”, declarou, acrescentando que “a riqueza da nossa classe média foi arrancada das suas casas e então redistribuída pelo mundo inteiro”.
O novo Presidente afirmou que os EUA defenderam as fronteiras de outros países com os seus militares, e recusou-se a proteger as suas próprias, além de terem gasto bilhões de dólares no exterior, enquanto havia muitos problemas internos.
“Todas as decisões sobre comércio, sobre impostos, sobre imigração, sobre relações exteriores serão feitas para beneficiar os trabalhadores americanos e as famílias americanas”, afirmou. “Devemos proteger as nossas fronteiras das devastações dos outros países fazendo os nossos produtos, roubando as nossas empresas e destruindo os nossos empregos. A protecção vai levar à grande prosperidade e força”.
Em partes da fala, o novo Presidente assumia um tom de campanha, dizendo que gerará empregos, construirá estradas e viadutos. “Quando a América está unida, nada pode pará-la!”, defendeu. Para encerrar, Trump repetiu o slogan da sua campanha, “Make America great again” (“tornar a América grande novamente”).
Trump foi eleito em 8 de Novembro de 2016, quando conquistou a maioria do colégio eleitoral, embora a sua adversária, a democrata Hillary Clinton, tenha tido mais votos populares. O resultado final contrariou pesquisas, surpreendeu analistas e a imprensa norte-americana, que até o começo da contagem dava como praticamente certa a vitória de Hillary.
“Estou aqui hoje para honrar a nossa democracia e os nossos valores duradouros. Nunca deixarei de acreditar no nosso país e seu futuro”, disse Hillary por meio do Twitter, momentos antes de Trump assumir a presidência.
Entretanto, enquanto tudo corria dentro do previsto na formalidade de posse, manifestantes vestidos de preto quebravam vidros de lojas na capital. Após o discurso de Trump as turbulências acentuaram.
Cerca de 30 mil agentes foram espalhados por Washington para garantir a segurança de Trump.
Afirmações de Donald Trump
- “O povo vai governar esta nação novamente”
- “Juntos, vamos determinar o curso da América e do mundo por muitos, muitos anos que virão”
- “Buscamos amizade e boa vontade com as nações do mundo, mas o fazemos com o entendimento de que é direito das nações botar os seus interesses em 1.º lugar. (…) Nós brilharemos para todos seguirem”
- Prometeu erradicar o terrorismo radical islâmico da face da Terra
- Prometeu investimento em infra-estrutura
- Prometeu gerar empregos
- “Quando abrimos os nossos corações ao patriotismo, não há espaço para a discriminação”
- “Defendemos as fronteiras de outros países enquanto nos recusamos a defender as nossas próprias”
- “Gastamos trilhões e trilhões de dólares além-mar, enquanto a infra-estrutura dos Estados Unidos caiu em degradação e deterioração”