A Suécia concordou, na semana passada, em extraditar, para a Turquia, um homem procurado por fraude pelas autoridades de Ancara. Para as autoridades de Estocolmo, a extradição do homem “é um assunto normal e rotineiro… e o Tribunal Supremo examinou a questão, como de costume, e concluiu que não há obstáculos à extradição”. A posição do governo sueco contrasta, no entanto, com os anteriores posicionamentos do país no respeitante aos pedidos de extradição provenientes de Ancara. Geralmente as autoridades suecas se opunham a extraditar indivíduos procurados pela Turquia, por considerar que estes podiam ver os seus direitos coartados pelo governo turco. A reviravolta que se verificou é indicativa, na verdade, da prontidão sueca em “sacrificar terroristas” pela “conveniência” de a Turquia levantar a sua objecção à admissão do país escandinavo no braço armado do Ocidente, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O homem em causa foi condenado na Turquia a 14 anos de prisão em 2013 e 2016, por fraudes bancárias. O homem refuta as acusações e alega que os seus “pecados” prendem-se com o facto de “se ter convertido ao cristianismo, ter recusado cumprir o serviço militar obrigatório e ter origens curdas”. Em 2011, o homem havia pedido asilo na Suécia, mas sem sucesso. A Itália viria a garantir-lhe o estatuto de refugiado em 2014. A imprensa noticia que, dois anos mais tarde, em 2016, mudou-se para a Suécia e se casou com uma mulher 23 anos mais velha que ele. Graças ao casamento, o homem conseguiu permissão de residência e de trabalho no país escandinavo. No entanto, em 2021 o homem viria a ser preso pelas autoridades suecas, em resposta a um pedido das autoridades turcas por via da Interpol, a organização internacional cuja tarefa é facilitar a cooperação policial no mundo. Ancara submeteu o pedido de extradição nessa altura mas somente agora é que obteve resposta positiva. Leia mais…
Por Edson Muirazeque *
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