– Presidente Armando Guebuza, falando na manhã de ontem, em Addis Abeba, durante o debate sobre o “Pan-africanismo e Renascimento africano” por ocasião da celebração dos 50 anos da
fundação da Organização da Unidade Africana, actual União Africana, que ontem se assinalou
O Chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, expressou a sua convicção de que África irá vencer os obstáculos que continuam a impedir o desenvolvimento integral e sustentável dos 54 Estados membros da União Africana, o que possibilitara a erradicação da pobreza que afecta milhões de cidadãos a nível deste continente com cerca de um bilião de habitantes.
Intervindo na manhã de ontem, na sede da União Africana, em Addis Abeba, no decurso da sessão de debates em torno do tema “ Pan-africanismo e Renascimento Africano” , inserido nas celebrações dos 50 anos da fundação da UA, o Presidente Guebuza destacou que o facto de África ser orgulhosamente o berço da humanidade impele a todos a “ tratarmos o nosso continente por mãe África”.
“Talvez sejamos o único continente que partilha tantas cores nas bandeiras nacionais onde predomina o verde, amarelo, azul, preto, branco as quais procuram expressar, de forma gráfica, o nosso património material e imaterial, bem como o orgulho que sentimos de sermos africanos, donos dos nossos recursos e o reconhecimento de quão custou a nossa liberdade e o nosso apego à paz e à unidade”, sublinhou o Presidente Guebuza, na sua intervenção de três minutos, tempo este imposto pela moderação dos debates.
Num outro momento, Guebuza referiu-se ao papel que Moçambique desempenhou para a libertação de países irmãos do jugo colonial, acto este que classificou como sendo a “retribuição de solidariedade” recebida de outros países e povos africanos e que culminaram com o derrube do colonialismo português e proclamação da independência a 25 de Junho de 1975.
“Retribuindo a solidariedade que recebemos, acolhemos nas nossas Zonas Libertadas, em Moçambique, neste processo de Luta de Libertação, ainda como Movimento de Libertação, outros nacionalistas que connosco vinham aprimorar os fundamentos da guerra de guerrilha. Depois de hastear a nossa bandeira multicolor, acolhemos igualmente os movimentos de libertação e cidadãos perseguidos por se oporem aos regimes ditatoriais nos seus países”, destacou Guebuza.
O espírito de solidariedade com outros povos, segundo acrescentou o PR, constitui-se hoje num dos cânones centrais da politica externa de Moçambique e “a nossa auto-estima é o firmamento para a paz, unidade e cultura de trabalho”.
Guebuza fez questão de sublinhar que os ideais do panafricanismo serviram de esteio e fonte de inspiração para a decisão da criação da Organização da Unidade Africana (em 1963) e em particular da sua meta de uma África livre da colonização e orgulhosa do seu sistema de valores.
“Imbuídos no sentido panafricanista, os povos que ascendiam à independência declaravam-se não se sentirem totalmente livres enquanto os seus irmãos e irmãs eram mantidos sob o jugo colonial. Por isso, deram o seu apoio multiforme a esse processo de libertação, que Amílcar Cabral apelidou de “acto cultural” e que foi sustentado pelo renascimento africano e pelo orgulho de sermos africanos, dai as vestes e outros artefactos tradicionais, canções e outras criações artísticas que glorificavam os nossos heróis pelos seus feitos e riquezas”, referiu Guebuza .