TEXTO DE ANDRÉ MATOLA
ANDRE.MATOLA@SNOTICICAS.CO.MZ
Estão previstas pelo menos dez eleições presidenciais no nosso continente ao longo deste 2024. As mais renhidas poderão acontecer na África do Sul, Chade, Senegal e Gana. Na África do Sul, onde o ANC dominou bastante a política do país nos últimos anos, analistas prevêem que o partido possa ser obrigado a fazer acordos com outras forças ou negociar uma coligação. De recordar que Moçambique vai realizar em Outubro próximo eleições gerais, legislativas e das assembleias provinciais.
África do Sul (61 milhões de habitantes) O Presidente Cyril Ramaphosa e o seu partido, Congresso Nacional Africano (ANC), podem enfrentar o seu maior desafio até hoje. O partido está no poder de forma contínua há 30 anos e venceu todas as eleições desde o fim do “apartheid”. O pleito deste ano deve acontecer sob a regência de novas leis eleitorais, que facilitam a mudança do “status quo” – entre outras coisas. Os candidatos agora podem concorrer a cargos públicos de forma independente. Além disso, a economia está sofrendo com altas taxas de desemprego e crime. Uma crise energética de longa duração, que está causando apagões, e acusações de corrupção também prejudicam a imagem do governo. O apoio ao ANC caiu para menos de 50% pela primeira vez desde as eleições de 2021 e, em uma reviravolta, o ex-presidente Jacob Zuma, antecessor de Ramaphosa pelo ANC, declarou que não irá apoiar o partido. O partido de Julius Malema, Combatentes da Liberdade Económica (EFF), da extrema-esquerda, que ele fundou em Julho de 2013, poderá conseguir bom resultado na corrida para o Parlamento. Malema foi presidente da Juventude do Congresso Nacional Africano entre 2008 e 2012 EFF. John Steenhiusen, líder da Aliança Democrática (AD) e principal partido da oposição sul-africana, também aspira obter bom resultado por forma a aumentar o número de deputados no Parlamento. Analistas prevêem que o ANC possa ser obrigado a fazer acordos com outras forças ou negociar uma coligação.
Chade (19 milhões de habitantes) As eleições presidenciais, legislativas, senatoriais e municipais estão marcadas para este ano, e o líder de transição Mahamat Deby poderá concorrer à presidência ao abrigo da nova Constituição. A nova Constituição do Chade, um país com mais de 200 grupos étnicos, entrou em vigor depois de ter sido aprovada pelo Supremo Tribunal do país (28.12.2023), abrindo caminho para a instauração de um regime civil. O presidente de transição do Chade, general Mahamat Idriss Deby, que tomou o poder em 2021 depois de o seu pai e governante de longa data, Idriss Deby, ter sido morto enquanto lutava contra os insurgentes, poderá concorrer à presidência ao abrigo da nova Constituição.
Sudão do Sul (11 milhões de habitantes) O Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, confirmou que se vai recandidatar às próximas eleições presidenciais marcadas para este ano. “Estou profundamente comovido por este apoio para que seja candidato do Movimento para a Libertação do Povo do Sudão (SPLM) em 2024 e pelo seu contínuo apoio ao nosso histórico partido. Isso dá-me confiança de que estaremos juntos”.
Senegal (18 milhões de habitantes) O Conselho Constitucional (CC) senegalês recebeu 93 candidaturas, das quais 23 aguardam registo, para as eleições presidenciais do próximo mês de Fevereiro. O CC deverá anunciar a lista dos candidatos presidenciais até 20 de Janeiro. Entre os candidatos estão os principais favoritos para as eleições de 25 de Fevereiro: Amadou Ba, membro da coligação no poder e actual Primeiro-ministro senegalês; Ousmane Sonko, figura da oposição que se encontra detido; Khalifa Sall, antigo presidente da câmara de Dakar; Karim Wade (filho do antigo presidente Addoulaye Wade); e Idrissa Seck, que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais de 2019. Presidente desde 2012, Macky Sall anunciou em Julho que não se candidataria a um novo mandato. Leia mais…