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Ou Ocidente ou Rússia Alemanha emite ultimato ao Mali

Por Idnórcio Muchanga

A guerra na Ucrânia já está a atingir geografias distantes do palco das operações militares russas. Depois de a Organização das Nações Unidas (ONU) ter sido usada como palco para punir a Rússia pelas suas acções, agora o Ocidente decidiu começar a “chantagear” os países individualmente para isolarem Moscovo. Na semana passada, a ministra alemã dos negócios estrangeiros, Annalena Baerbock, foi ao Mali dizer às autoridades de transição que ou “abandonam” a Rússia ou arriscam-se a perder o apoio da Alemanha e da União Europeia. Ao que tudo indica, as práticas da alegadamente “defunta” guerra fria parece terem regressado em alta e pode ser que os países em desenvolvimento venham a precisar de revitalizar o ideal do Movimento dos Não Alinhados (MNA).

Durante a guerra fria, protagonizada pelos EUA, líderes do Ocidente, e a URSS, líder do Oriente, era considerado natural que os países se posicionassem a favor de uma ou de outra potência. Contudo, a tomada de posição no confronto ideológico entre as superpotências nem sempre favorecia os interesses de países terceiros, especialmente dos do então considerado Terceiro Mundo. Foi no contexto das rivalidades entre as superpotências que líderes como Nehru (Índia), Sukarno (Indonésia), Nasser (Egipto) e Tito (Jugoslávia) estabeleceram o MNA, com o objectivo primário de criar uma via alternativa e independente nas relações internacionais que permita aos membros não se envolverem no confronto entre as grandes potências.

A crise na Ucrânia, no entanto, parece ter acordado os velhos dilemas dos países em desenvolvimento. Se, por um lado, há um apelo geral, global até, para a necessidade do término das hostilidades e recurso ao diálogo, por outro, não há consenso sobre o caminho para tal. O Ocidente já traçou o que considera ser a melhor via para terminar a guerra na Ucrânia – condenar e punir a Rússia com sanções económicas. Esta via é, no entanto, “desafiada” por alguns países que consideram que isso não só não vai resolver o problema, como também é prejudicial para interesses nacionais próprios. Os dois gigantes asiáticos, China e Índia, já fizeram saber que não vão seguir os passos do Ocidente. Leia mais…

Por Edson Muirazeque *
edson.muirazeque@gmail.com

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