POR EDSON MUIRAZEQUE *
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O presidente do Senegal, Macky Sall, tornou-se “herói” por anunciar que não pretende concorrer a um terceiro mandato presidencial, isso pouco depois de mergulhar o país numa instabilidade. Numa região com “tradição” de os incumbentes tentarem mudar as constituições dos seus respectivos países para se manterem no poder, com a sua decisão Macky Sall parece estar destinado a entrar na lista de líderes africanos que ouviram as “preces populares”, as regras do jogo democrático e se recusaram fomentar a sua perpetuação no poder. O anúncio de Sall seria, de facto, heróico, não fosse o facto de ter sido feito somente depois da eclosão de vastas demonstrações populares, com dezenas de mortos, contrárias às suas anteriores intenções de avançar para um terceiro mandato. Aliás, no seu discurso de desistência, Sall reiterou que a constituição do Senegal lhe permite concorrer a um terceiro mandato, o que faz questionar se o anúncio da desistência de concorrer a um novo mandato é, de facto, genuíno.
O anúncio da não intenção de concorrer nas próximas eleições presidenciais no Senegal, previstas para o mês de Fevereiro de 2024, recebeu largados elogios em diferentes quadrantes do mundo. A União Europeia saudou o chefe de Estado senegalês, sublinhado que a decisão ajuda a atenuar as tensões políticas e sociais. Os Estados Unidos classificaram a decisão como “um exemplo para a região”. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental categorizou-a como uma “decisão corajosa” do Presidente. As felicitações a Macky Sall vieram também do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, e do presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat. Macky Sall virou um “herói” simplesmente por anunciar que vai cumprir o que já está plasmado na Constituição do seu país, que é a proibição de um Presidente servir mais de dois mandatos consecutivos. Leia mais…