O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, impôs um ultimato ao Estado de Israel, para que, num prazo de um ano, o Estado judaico se retire dos territórios palestinianos. Falando na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), Abbas disse que os palestinianos estão fartos e não mais querem continuar a viver sob ocupação israelita. Demonstrando desespero pelo facto de Israel repetidamente ignorar os apelos internacionais para a implementação da solução de dois Estados, Abbas recorreu a uma linguagem do período da Guerra Fria que acusa Israel de estar a praticar apartheid e “limpeza étnica” nos territórios ocupados. Para o líder palestiniano, caso Israel não se conforme com o ultimato, a autoridade palestiniana vai retirar o reconhecimento do Estado de Israel, o elemento-chave que desencadeou o processo de paz que teve início em 1993, com a assinatura dos Acordos de Oslo.
Os territórios palestinianos da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental foram ocupados por Israel na terceira guerra israelo-árabe, em 1967. À luz da Resolução 181 de 1947, das Nações Unidas, que impôs a divisão da Palestina em dois Estados, nesses territórios devia ser instaurado o Estado para os árabes palestinianos. Circunstâncias conflituais ditaram que esse Estado não tivesse sido estabelecido e os territórios ocupados por Estados terceiros, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental ocupados pela Jordânia e Gaza pelo Egipto, isso na primeira guerra israelo-árabe em 1948. Durante a guerra de 1967, Israel ocupou toda a Palestina histórica e a partir daí emergiu o conflito entre Israel e os palestinianos em torno destes territórios.
Para a as Nações Unidas, os territórios são de pertença dos palestinianos. Aliás, em 1967 foi aprovada a Resolução 242, que impunha que Israel devia retirar-se dos territórios ocupados e, em 1973, a Resolução 338 também reiterava a necessidade de implementação da Resolução 242. No entanto, Israel nunca foi pressionado o suficiente para retirar-se dos territórios, de tal modo que manteve controlo dos mesmos e começou a estabelecer assentamentos judaicos neles, em clara violação das normas internacionais. Leia mais…
Por Edson Muirazeque *
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