É uma história que merece ser enquadrada na gíria popular do insólito de um “roto” a falar mal de um “rasgado”. O Presidente da França, Emmanuel Macron, acusou, na semana passada, a Rússia de ser uma “força desestabilizadora” em África. Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, fez saber que “a Rússia está a desenvolver relações amistosas e construtivas baseadas no respeito mútuo e na preocupação com os problemas uns dos outros”. A instalada “guerra de palavras” é reflexo de uma rivalidade de duas potências estrangeiras que lutam pelo exercício de influência sobre os países africanos, sendo, portanto, “tudo farinha do mesmo saco”! Para granjear as simpatias das lideranças africanas, as duas potências lançaram-se numa “guerra de narrativas” que denuncia, por um lado, o ciúme da França pela perda de protagonismo como provedora de segurança no continente e, por outro, o “oportunismo” da Rússia que vem preenchendo o vácuo criado pelo desencanto das lideranças das antigas colónias francesas em relação a Paris.
Macron aproveitou-se dos holofotes da cimeira do Novo Pacto de Financiamento Global, realizada recentemente em Paris, para expor a sua visão em torno da ascendência da Rússia no sector de segurança das antigas colónias da França em África. Procurando capitalizar a presença de alguns líderes africanos em Paris, Macron “pintou” uma imagem negativa da sua adversária Rússia na busca de controlo sobre África. O líder francês considera que a influência de Moscovo sobre África não é benéfica para a “comunidade internacional”. Macron terá dito que a Rússia “é uma força desestabilizadora em África por meio de milícias privadas que atacam e cometem abusos contra populações civis”, para depois acrescentar que aquele país “colocou-se, por vontade própria, numa situação em que não mais respeita o direito internacional, tornando-se basicamente uma das únicas potências coloniais do século 21 ao travar uma guerra imperial contra a sua vizinha Ucrânia”. Leia mais…