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“Medo da justiça” leva Netanyahu a “forçar” realização de novas eleições

Por Idnórcio Muchanga

No passado mês de Abril, o Estado de Israel efectivou as suas eleições para o parlamento e o Likud, partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, amealhou a maioria (simples) dos votos. Pela vitória, a Netanyahu foi incumbida a tarefa de formar governo. Entretanto, após algumas semanas de negociações, os esforços do ainda primeiro-ministro não surtiram o efeito desejado devido a uma “rixa” entre o partido secular Yisrael Beiteinu e os partidos ultra-ortodoxos que era suposto comporem a coligação governante. Em face a isso, Netanyahu optou por votar pela dissolução do Knesset (parlamento) e pela convocação de novas eleições ao invés de submeter o caso à presidência para se encontrar uma outra figura para formar governo. A opção de se ir a novas eleições é considerada, pelos críticos do primeiro-ministro, como sendo demasiado onerosa e eventualmente sem garantias de que ele possa ser reeleito com alguma “folga” para formar governo. Entretanto, para Netanyahu a permanência no poder pode ser uma estratégia de sobrevivência política, já que há tentativas de o colocar na barra do tribunal para responder por crimes de suborno e fraude.

O Estado de Israel é uma república parlamentar. Entretanto, diferentemente de outras repúblicas parlamentares pelo mundo, na sua história em Israel nunca algum partido político foi capaz de amealhar a maioria absoluta dos assentos parlamentares. Por essa razão, os governos de Israel têm sido sempre de coligações de vários partidos políticos. O que significa que os grandes partidos, aqueles que acabam conseguindo obter a maioria (simples) dos votos, vêem-se “obrigados” a firmar compromissos sobre políticas e posições governamentais com os pequenos partidos para a formação de coligações. Aliás, mesmo após a formação de governo, o primeiro-ministro e o seu governo acabam estando quase sempre vulneráveis à sua destituição, bastando para tal que um voto de não confiança seja aprovado pela maioria dos deputados no parlamento.

No caso em análise o partido Likud obteve 35 assentos dos 120 do Knesset nas eleições do passado mês de Abril. Este número não é, no entanto, suficiente para um partido formar governo. Mas, por ser o partido que obteve a maioria dos assentos parlamentares, o Likud foi convidado, como manda a lei, a efectuar negociações para poder formar uma coligação a fim de atingir o número requerido para a formação de um governo. Nas negociações que se seguiram Netanyahu enfrentou um velho problema que tem “ensombrado” a sociedade israelita: o desentendimento entre os defensores do secularismo e os proponentes de uma maior presença das questões religiosas nos assuntos do Estado. Ainda que os partidos que se posicionam nos dois extremos sejam tradicionais aliados do Likud, desta vez o desentendimento impediu mesmo a formação do governo.

Por Edson Muirazeque *

edson.muirazeque@gmail.com

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