A ex-presidente do Malawi, Joyce Banda, regressa ao país no próximo mês de Outubro, proveniente da África do Sul, onde viveu nos últimos tempos, por conflituosidade com o actual poder de Peter wa Mutharika – confirmaram fontes governamentais e do seu partido.
O gabinete da presidência da República do Malawi já está a preparar a logística necessária a que Banda tem direito como antiga chefe de Estado, bem como outras regalias estabelecidas na lei.
Uma fonte oficial garantiu que até finais deste mês estarão criadas todas as condições para permitir com que Joyce Banda possa usufruir dos seus direitos incluindo a viatura, segurança pessoal e o pagamento da pensão.
A ex-presidente que também é líder do Partido Popular está fora do país desde Junho de 2014, quando ela partiu para os Estados Unidos da América (EUA).
O porta-voz do Partido Popular Ken Msonda também confirmou o regresso de Joyce Banda, mas não indicou a data de chegada. "Estamos a realizar reuniões com as comissões políticas ao nível da base para informá-las sobre os últimos desenvolvimentos do partido e preparar o regresso à casa da fundadora do partido, Joyce Banda"- disse Ken Msonda.
Embora a data da chegada não tenha sido divulgada, vários responsáveis do partido confirmaram em entrevistas separadas o regresso da antiga estadista no próximo mês.
O secretário-geral do Partido Popular, Ibrahim Matola, justificou que não poderia anunciar a data da chegada da ex-presidente, alegando razões de segurança, mas disse que o partido irá divulgar a data em breve, insistindo no entanto que será em Outubro.
"Joyce Banda está finalmente de volta à casa"- garantiu Ibrahim Matola.
O analista político e professor catedrático Blessings Chinsinga disse que o regresso de Joyce Banda vai ser bom para o seu partido que actualmente está quase desorientado. "Joyce Banda deve regressar e pôr o partido em ordem, porque estamos a assistir uma luta pelo poder, devido à falta de liderança e vazio de poder, que pode levar à desagregação do Partido Popular”- disse Blessings Chinsinga, um dos prestigiados docentes da Universidade do Malawi, com sede em Zomba.
Em Maio deste ano, Joyce Banda pediu a intervenção das missões diplomáticas e dos parceiros de desenvolvimento alegadamente porque era alvo de perseguição política por parte da administração de Peter Mutharika.
Ela disse que as acusações que lhe são imputadas de alegado envolvimento no desvio de fundos públicos, mais conhecido por Cash-gate, podem representar um perigo para a sua família ou tentativa para a sua detenção.
Durante a sua governação de dois anos, foram desviados cerca de trinta milhões de dólares dos cofres de Estado por indivíduos ligados ao poder que segundo a justiça agiram deliberadamente para burlar o Estado através da viciação de documentos ou de pagamentos de serviços não prestados.
A auditoria forense dirigida por uma firma britânica apurou que Joyce Banda não está implicada no escândalo financeiro, mas alguns radicais do partido de Peter Mutharia alegam que a antiga estadista deve ser investigada e detida.
Outra auditoria financiada pelos alemães apurou que durante a governação do falecido Bingu wa Mutharika também foram desviados das finanças públicas cerca de duzentos milhões de dólares havendo suspeitas de envolvimento de alguns dirigentes do actual governo.
Entretanto, o presidente do Malawi, Peter Mutharika garantiu recentemente que Joyce Banda não será detida ou perseguida caso regresse ao país.