O Iraque está diante de uma difícil escolha sobre que lado abraçar: o do bem ou o do mal. Enquanto, de um lado, os EUA (país do “eixo do bem”) procuram isolar e encurralar o Irão (país do “eixo do mal”), o país persa procura libertar-se das amarras e “namora” os iraquianos de modo a minimizar os efeitos do anti-iranianismo dos norte-americanos. À medida que a tensão entre os EUA e Irão aumenta, com Washington a intensificar as sanções contra Teerão e o parlamento desta última a aprovar uma lei que considera terroristas os militares da primeira, o Iraque encontra-se preso no meio e pressionado a fazer uma escolha. O ponto é que o Iraque, não só, não aventa a hipótese de abandonar os seus “libertadores” das masmorras de Saddam Hussein, como também não vislumbra alienar os “libertadores” das masmorras do Estado Islâmico.
A expressão “eixo do mal” foi cunhada pelo antigo presidente dos EUA, George Bush, em 2002, no seu informe anual sobre o Estado da união. No seu discurso em 29 de Janeiro, Bush usou pela primeira vez a expressão “eixo do mal”, em oposição ao “eixo do bem”, para fazer referência aos países que considerava hostis ou inimigos dos EUA. A esse grupo de países – que incluía o Irão, o Iraque, a Coreia do Norte e a Síria – o presidente dos EUA acusava serem apoiantes do terrorismo e serem portadores ou com ambições e avanços significativos para a posse de armas nucleares. Nos seus discursos subsequentes, Bush serviu-se da expressão para moldar a política externa do seu país e legitimar a sua anunciada guerra contra o terrorismo.
Foi no âmbito da implementação das estratégias traçadas contra o terror e o “eixo do mal” que os EUA “libertaram” o Iraque das masmorras de Saddam Hussein. Após a sua libertação, o Iraque foi removido da lista do “eixo do mal”, dado que a era pós-Saddam Hussein passou a ser marcada por uma maior aproximação do país aos interesses dos EUA. Desse modo, na perspectiva de Washington, o Iraque devia entrar na “coligação” daqueles países que combatem os membros do “eixo do mal”. Isto significaria o corte de relações com o Irão, impondo-lhe sanções económicas tal como Washington comanda, pois isso fortaleceria ainda mais o encurralamento dos persas.