Com um tom menos ameaçador, o Presidente da China, Xi Jinping, defendeu recentemente que a reunificação de Taiwan à China “deve e pode realizar-se”. A promessa foi feita durante a comemoração dos 110 anos da revolução que derrubou a última dinastia imperial. Jinping diz que quer ver uma reunificação pacífica sob a política “um país, dois sistemas”, tal como acontece com as regiões autónomas de Hong Kong e Macau. No entanto, as autoridades de Taipei desafiam a vontade de Pequim e dizem que o destino da ilha só pode ser decidido pelo povo taiwanês. Enquanto isso, os maiores adversários da reunificação das duas chinas, os EUA, dizem-se preocupados com as acções de Pequim por considerarem que elas desestabilizam o estreito de Taiwan. A eterna questão que se coloca é se irão, alguma vez, as duas chinas reunificar-se.
A separação das duas chinas resultou da guerra civil travada intermitentemente entre os anos de 1927 e 1949. A guerra opunha o Kuomintang, que liderava o governo da República da China, e as forças do Partido Comunista da China (PCC). O PCC viria a derrotar o Kuomintang na guerra, tomando controlo da China continental onde proclamou a República Popular da China. Os líderes da Kuomintang abandonaram o continente e foram instalar-se na ilha de Taiwan, onde estabeleceram a República da China. A partir da década de 1950 iniciou um impasse político-militar em que as duas partes, a República Popular da China (no continente) e a República da China (na ilha), reivindicavam ser as governantes legítimas de todo o território chinês.
Ao nível das Nações Unidas, durante as décadas de 1950 e 1960, o governo reconhecido como legítimo de toda a China era o de Taiwan. Por essa razão, era o governo de Taipei que mantinha o assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Aliás, quando a segunda guerra mundial terminou e as Nações Unidas foram fundadas, era o Kuomintang que dirigia a República da China, que entretanto continuava em guerra civil. Por duas décadas, uma ONU dominada pelo Ocidente recusou-se a reconhecer o governo comunista da China continental. No entanto, em 1971, as Nações Unidas decidiram por aceitar a legitimidade da República Popular da China como a representante de todo o território chinês, o que implicou naturalmente a saída do governo de Taipei da organização. Leia mais…
Por Edson Muirazeque *
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