O termo intifada, que significa guerra de pedras, é utilizado para descrever a confrontação assimétrica entre Israel, que usa armas, e os palestinos, que usam pedras para lutarem contra Israel reivindicando os seus territórios ocupados. As manifestações catalães em curso em Barcelona, Espanha, lembram com exactidão a assimetria de poder e os instrumentos de luta – armas versus pedras – entre as partes em confrontação. De facto, os catalães são autênticos palestinos e o Governo de Madrid joga o papel igual ao de Israel. Esta comparação não se destina a avaliar a razoabilidade das reivindicações das parte mas a mostrar a “ciclicidade” dos factos históricos e a similitude de actuação do ser humano quando auto-percebe-se injustiçado.
Importa realçar que Barcelona vive, desde segunda-feira dia 14 de Outubro corrente, uma tensão política que opõe o Governo espanhol e os movimentos independentistas catalães. No pomo da discórdia está a condenação, pelo Tribunal Supremo, de doze dirigentes políticos pró- -independência da Catalunha a penas que vão até ao máximo de treze anos. Esta atitude do Tribunal Supremo instigou a Assembleia Nacional da Catalunha a convocar uma manifestação geral para sexta-feira, dia 18 de Outubro corrente, em Barcelona. Uma convocatória que pelo que se mostra pelos meios de comunicação social teve uma adesão massiva.
O aspecto que salta à vista é o nível de violência e os instrumentos de violência utilizados. As pedras (intifada) arremessadas contra as autoridades policiais são uma nota dominante e ilustradora da percepção da impotência que os manifestantes sentem diante de um aparato policial altamente equipado. O fogo, enquanto uma espécie de fronteira entre os detentores de poder do estado e os reivindicadores, parece ser o outro elemento simbólico. Na verdade, os manifestantes ao incendiar os contentores de lixo e até carros transmitem a ira que os devora ante o poder leonino do estado. Mas o fogo acaba fazendo um papel de fronteira entre a polícia e os manifestantes. É do outro lado das chamas que saem as pedras contra a polícia, e a polícia, cautelosa que é, não progride como progrediria se não houvesse o fogo entre as duas partes. Leia mais…
Por Paulo Mateus Wache*
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