Entre 24 e 26 de Agosto de 2019 os autoproclamados sete estados mais ricos do mundo (G7) – França, EUA, Japão, Reino Unido, Canada, Alemanha e Itália – estiveram reunidos na França na sua Quadragésima Quinta Cimeira. Uma Cimeira que aconteceu apimentada pela polémica em torno das queimadas nas florestas amazónicas, até porque o G7 acabou prometendo dezoito milhões de Euros para intervenção de emergência, mas para o desagrado dos ricos o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, tratou de informar-lhes que não queria esse dinheiro.
Apesar da rejeição vocalizada pelo presidente brasileiro, ficou o gesto nobre dos ricos do planeta em querer manter o "pulmão do mundo" saudável. Porém este gesto de nobreza perde o seu brilho quando em sua declaração final o G7, sinicamente, diz que acredita que somente a solução política pode assegurar a estabilidade na Líbia e acrescenta que apoia as acções das Nações Unidas e da União Africana de organizar uma conferência inter-líbia. Este posicionamento cheira a masoquismo por duas razões: (i) os principais ‘instabilizadores´ da Líbia são membros do G7 e (ii) o G7 nunca deu importância ao papel nem das Nações Unidas nem da União Africana no conflito líbio.
Quanto aos instabilizadores da Líbia importa realçar que três dos sete países nomeadamente: França, Reino Unido e EUA foram mentores e implementadores da conhecida resolução 1973 de 17 de Março de 2011 que autorizou a intervenção militar e o regime change sob a designação de No fly Zone. Esta resolução permitiu a estes três estados, com conivência das potências mundiais – China e Rússiae apoio dos restantes membros do G7 e da África do Sul que na altura da votação da resolução votou a favor da intervenção na sua qualidade de membros não perante do Conselho de Segurança. Ao abrigo da maquiavélica resolução perseguiram e mataram Mahomed Kadafi, seu alvo, mas ao mesmo tempo deixaram a Líbia em desordem para poderem se apoderar do petróleo. Efectivamente, neste momento as Multinacionais ocidentais como a britânica BP, a Italiana Eni, a francesa Total, a espanhol Repsol, a austríaca OMV e a norueguesa Equinor são alguns dos beneficiários do espólio da sangrenta e fratricida guerra em curso na Líbia. Leia mais…
Por Paulo Mateus Wache*
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