POR EDSON MUIRAZEQUE *
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Os EUA e o Vietname elevaram, recentemente, a sua relação bilateral do estatuto de “parceria estratégica” para o de “parceria estratégica abrangente”. Dois países outrora “inimigos mortais”, essa melhoria da relação bilateral vem reconfirmar a máxima de que “em relações internacionais não há amigos e nem inimigos, o que contam são os interesses” dos Estados. Uma análise à actualização do relacionamento bilateral leva a duas linhas de pensamento. À primeira vista, a nova parceria faz transparecer a ideia de que os EUA e o Vietname têm o interesse comum, cada um por razões próprias, de conter a China. No entanto, numa segunda linha de pensamento, pode dizer-se que o Vietname aceitou actualizar o seu relacionamento com os EUA como uma demonstração de que a sua “diplomacia de bambu” está a consolidar-se.
Na maior parte das últimas sete décadas a relação entre os EUA e o Vietname foi conturbada. Nas primeiras duas décadas após o término da Segunda Guerra Mundial, o relacionamento dos EUA com o Vietname, ou pelo menos parte dele, era de “inimigos mortais”. Após a dissolução da Indochina Francesa em 1954, e no contexto da ocidentalmente denominada Guerra Fria, os EUA apoiaram o Vietname do Sul, capitalista, em oposição ao Vietname do Norte, marxista-leninista. Aliás, os EUA chegaram a lutar directamente contra o Vietname do Norte durante a Guerra do Vietname. Após a “derrota e fuga” americana em 1973 e a subsequente queda do Vietname do Sul em 1975, os EUA vingaram-se aplicando um embargo comercial e cortando os laços com o Vietname. Por duas décadas os EUA e o Vietname não mantiveram relações diplomáticas, com o restabelecimento de laços bilaterais a ocorrer somente durante a presidência de Bill Clinton nos EUA. Em 1994, Clinton mandou suspender o embargo comercial contra o Vietname, que durou três décadas, e, no ano seguinte, os dois países restabeleceram relações diplomáticas com o estabelecimento de embaixadas e consulados de ambos. Leia mais…
