A demissão de Arikana Chihombori-Quao do cargo de embaixadora da União Africana (UA) nos Estados Unidos da América chama a atenção em relação à relevância da organização continental. Chihombori- -Quao é vista como um ícone dos apelos a um maior engajamento dos africanos na diáspora nos esforços de ajudar o continente a sair da situação de marginalização. A decisão de Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, que é vista como resultante de pressão de potências ocidentais, está a gerar frustração no seio daqueles que consideram que é chegada a altura de África libertar-se do neocolonialismo. Se, de facto, Mahamat sucumbiu à pressão de uma potência ocidental, então evidencia-se, mais uma vez, a premissa da existência de uma “classe compradora”, no mundo em desenvolvimento, que ajuda a manter a dominação da “periferia” pelo “centro”.
Na já publicada carta de exoneração, Moussa Faki Mahamat aparentemente não explica as razões do afastamento da diplomata. Este facto levou o Congresso da Diáspora Africana a lançar uma petição online a favor da recondução de Chihombori- -Quao. Para o Congresso, a demissão é um sinal de que a UA vergou-se perante a pressão de potências ocidentais dado o anti-neocoloniasmo da diplomata. Os peticionários consideram que a “Dr.ª Chihombori- -Quao era adorada pela diáspora africana e era bem- -sucedida na unificação do povo africano para promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável”.
A diplomata tinha sido nomeada para o cargo de embaixadora em 2017. As suas posições em torno das relações entre as grandes potências e os países em desenvolvimento são, contudo, controversas. Ardente mobilizadora da diáspora africana para unir esforços para ajudar o continente africano a se desenvolver, Chihombori-Quao prega a ideia de que o (neo) colonialismo continua a ser o responsável por muitos males que o continente enfrenta. Ela acredita, e reproduz nas suas palestras, na noção de que a divisão de África, em Berlim em 1885, causou problemas que o continente continua a enfrentar em pleno século XXI. Leia mais…
Texto de Edson Muirazeque *
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