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Construindo sistema financeiro internacional mais reactivo

Por Idnórcio Muchanga

POR YANN PRADEAU*

A arquitectura financeira internacional herdada do pós-guerra já não é suficientemente adaptada ao aumento das desigualdades, ao desafio climático, à degradação da biodiversidade e aos desafios de saúde pública que marcam o século XXI. As respostas apresentadas pela comunidade internacional são hoje fragmentadas, parciais e insuficientes. Por um lado, os recursos concessionais disponibilizados pelas instituições de desenvolvimento não atingem todo o seu potencial, especialmente em matéria de impacto, cofinanciamento e adequação às necessidades. Por outro lado, o aumento do custo de financiamento e o aumento das dívidas freiam os investimentos nos países em desenvolvimento e não lhes dão os meios para enfrentar os desafios com os quais são confrontados.

No entanto, a solidariedade internacional é, mais do que nunca, indispensável num contexto de multiplicação de crises que fragilizam ainda mais os países mais pobres e mais vulneráveis. Para que os países mais expostos possam superar a crise da covid-19, enfrentar as consequências da agressão da Rússia à Ucrânia na sua segurança alimentar e energética e financiar o custo extremamente alto da transição climática e das consequências dos eventos climáticos extremos, uma mudança de patamar é imprescindível.

O sistema financeiro internacional herdado de Bretton Woods está a chegar aos seus limites, enquanto o futuro do nosso planeta está sujeito a dois grandes riscos: primeiro, um apoio insuficiente ao desenvolvimento e à protecção dos bens públicos mundiais, por falta de recursos mobilizados, e, principalmente, um risco de fragmentação geopolítica, num momento em que precisamos, mais do que nunca, de um multilateralismo eficaz e de uma cooperação reforçada.

Vários países do G7 e do G20, além de diversas organizações e associações, compartilham com a França essa constatação e gostariam de levar adiante esta convicção comum: devemos agir rápido e juntos para corrigir os desequilíbrios e injustiças decorrentes dessas falhas. Portanto, lançamos hoje um apelo a uma revisão do nosso programa e por um choque em matéria de financiamento. Juntos, devemos transformar o nosso sistema financeiro internacional para que seja mais reactivo, mais justo e mais solidário, a fim de combater as desigualdades, financiar a transição climática e a protecção da biodiversidade e ajudar-nos a atingir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Leia mais…

*Embaixador da França em Moçambique

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