A invasão da Rússia à Ucrânia e os exercícios militares da China no estreito de Taiwan estão a ameaçar o Japão a ponto de esta grande potência económica estar a tomar passos rumo à alteração da sua quase centenária postura pacifista. Depois de ter anunciado, em Agosto, a vontade de desenvolver um programa de produção em massa de mísseis cruzeiro e balístico de alta velocidade, o Japão está agora a “namorar” potenciais aliados para fazer face às ameaças chinesa e russa. Na semana passada, representantes do Japão e da Índia reuniram-se em Tóquio e anunciaram ter interesse em fortalecer a cooperação na área de defesa.
Depois da devastadora participação na Segunda Guerra Mundial, onde viu “reduzidas a cinzas” as cidades de Hiroshima e Nagasaki, o Japão foi forçado a adoptar uma postura pacifista nas suas relações externas. Os ocupadores EUA redigiram uma constituição onde ilegalizaram, no artigo 9, a guerra como um instrumento de resolução de disputas internacionais envolvendo o Estado. Com a entrada em vigor da constituição imposta, em Maio de 1947, o Japão renunciou ao direito soberano de beligerância e comprometeu-se a prosseguir o ideal de uma paz internacional baseada na justiça e na ordem. O artigo obriga a que, para atingir esses objectivos, o país não mantenha forças armadas com potencial bélico.
Apesar de ter sido forçado a renunciar ao uso da guerra como um instrumento de política externa, o Japão tem mantido, desde 1954, Forças de Auto-Defesa, também conhecidas como Forças Armadas do Japão. É uma espécie de exército que serve apenas propósitos defensivos e possui capacidade armamentista ofensiva estritamente limitada. Aliás, as Forças de Auto-defesa do Japão estão vedadas de possuir armas ofensivas como mísseis balísticos ou armas nucleares. Leia mais…
Por Edson Muirazeque *
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