Theresa May anunciou, em pranto, para o dia 7 de Junho a sua demissão do cargo de Primeiro-ministro do Reino Unido. Caso para dizer que os conservadores estão a pagar uma factura alta por causa da promessa eleitoral de David Cameron. Foi ele (Cameron) que enquanto líder dos Conservadores, em 2015, e querendo vencer as eleições naquele ano recorreu ao apelo emocional e populista prometendo um referendo de permanência ou saída do Reino Unido da União Europeia, caso vencesse as eleições. Esta promessa galvanizou os eurocépticos que sempre pensaram que (i) o seu país contribuía mais para a Organização do que recebia e que (ii) a União Europeia tinha políticas que facilitavam as imigrações tanto do leste como ilegal.
Por causa dessa promessa do referendo, Cameron venceu as eleições e cumpriu a sua promessa ao organizar o referendo a 23 de Junho de 2016. Cameron defendia que o Reino Unido devia permanecer na União Europeia mas os eurocépticos liderados pelo antigo Mayor de Londres Boris Johnson defendiam que o Reino Unido devia sair da União Europeia (Brexit) e estes últimos venceram o referendo com uma margem mínima de 51,9%. Foi assim que o feitiço virou contra o feiticeiro, pois Cameron teve de demitir-se por ter perdido o referendo.
A queda de Cameron abriu espaço para a ascensão de Theresa May, a mulher que se acreditava que teria o mesmo punho como a Iron Lady Margareth Tacher, Primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990. Contudo, o Brexit tornou-se num fantasma sem rosto nem habitat para May e transformou-a Tears Lady. De facto, durante quase três (13 de Julho de 2016 a 7 de Junho de 2019) anos May conduziu enfadonhas negociações com Bruxelas, com o seu partido, com o Parlamento e com a oposição. Foram realmente dias intensos e frenéticos que May passou no 10 Dawning Street. A intensidade da crise no Reino Unido atingiu o pico quando, em Novembro de 2018, May conseguiu o acordo com a União Europeia.